1,2,3... Vamos dançar outra vez?
1,2,3... Vamos dançar outra vez?
Yaskara Manzini - CAO Centro Oeste
Desde minha entrada
no Vocacional em 2009, tenho percebido que a Dança vem tentando entender o que
ela se torna e qual o papel dela no Vocacional.
Em 2009 chamava-me
a atenção o fato do teatro ter muito mais coletivos artísticos constituídos em
relação à dança. Seria o público que procura a dança menos a fim de dançar
coletivamente? Só o pessoal das danças urbanas tem interesse em formar grupos,
as chamadas "crew"? Lembro-me também que pensar em dança
clássica, jazz ou qualquer outro estilo que não tivesse foco em "dança
contemporânea" era um tabu. Muitas vezes em rodas ouvi comentários
perniciosos desmerecendo AOs que trabalhavam com alguma técnica que não fosse o
"contemporâneo".
Em 2010 com uma
mudança estrutural no Programa, nosso coordenador de linguagem focou seu
trabalho, e consequentemente nós CAOs e AOs, no participante do programa como
um Agente Cultural. Permitiu que a equipe tivesse e pudesse escolher um tema
para desdobramento e pesquisa, e no caso da Dança, aos poucos se começou a
investir e resgatar a memória e a oralidade das regiões onde a linguagem estava
presente. Desta maneira delineou-se em 2010 grandes ações culturais que
envolviam memória e territórios, dentre as quais posso citar: Trem Espaço
Poético e Totens Urbanos. A primeira ação propunha um deslocamento a partir da
linha férrea, saindo da estação Brás do metrô, passando pela Tatuapé, baldeação
para linha safira da CPTM finalizando em um CEU da zona leste. No interim desse
percurso vocacionados trocaram seus processos e interagiram em estações e trens
tanto do metrô quanto de trens, cabe salientar que esta ação foi desenvolvida
pelos AOs da região Leste. A segunda ação foi desmembrada em duas sub-regiões:
central, nomeada de Marco Zero, e noroeste: Pico do Jaraguá. Na ação da região
central vocacionados dos equipamentos da região vieram de caminhos diferentes
(saídos de seus equipamentos de origem) e encontraram-se no Marco Zero da
Cidade de São Paulo, localizado em frente à Catedral da Sé. Cada grupo trouxe
um souvenir pedagógico que foi trocado entre vocacionados, após este "ato
simbólico" foram trocados procedimentos de apropriação do espaço público.
Na região noroeste o encontro aconteceu no Pico do Jaraguá, numa convergência
das turmas e grupos (Sim em 2010 consegui na equipe centroeste/noroeste
articular cinco grupos: The Cats of Free Style do CEU Jaraguá, Grupo Despertar
do CEU Perus, Mulheres do Pera do Pera Marmelo, Linguagens de Dança do CEU
Butantã e InCorpoAr da Galeria Olido), quando vocacionados puderam trocar
processos e ouvir histórias daquele lugar e região, quando saberes
inter-geracionais emergiram dando um outro panorama sobre a região. Além disto,
as ações aconteceram em um domingo e os transeuntes do Pico puderam participar
(seja como espectadores ou como participantes das práticas), a ação finalizou
com uma ciranda em volta da torre do Jaraguá.
Nesse ano foi gerado um texto com as pesquisas e experiências de cada AO
na edição de 2010. Foi nesse ano que enfatizamos que toda ação é cultural,
desde o encontro na sala até a uma intervenção pública. Percebíamos que para
vivenciarmos conceitos como "emancipação" e "autonomia"
teríamos que passar pelo viés social, assim muitos de nós começamos a estreitar
as relações entre Arte & Vida.
Em 2011 ainda sob a
mesma estrutura, mas desta vez com a definição de um material norteador, a
coordenação de linguagem pediu para debruçarmo-nos sobre este material, mas
ainda enfatizou principalmente a ação cultural, o registro, apreciação e o
nomadismo no espaço público. No final dessa edição começamos a notar o quanto a
dança havia amadurecido em relação à proposição de ações culturais,
principalmente as que pudessem abarcar o nomadismo no espaço público. Estas
ações possuíam uma dimensão macro, pois abarcavam muitos vocacionados e
equipamentos, além disto, as relações Arte&Vida proporcionavam
"performances" não somente no sentido da "arte da performance",
mas também "performances culturais" cuja leitura poderia dar-se
também sob o viés antropológico, abarcando não somente a perspectiva artística.
Foi nessa edição também que os AOs e CAOs começaram a reivindicar maior
autonomia em relação ao trabalho.
Na edição de 2012
tivemos uma mudança significativa na estrutura: as coordenações de linguagem, ação
e pedagógicas da linguagem foram extintas e criou-se uma estrutura de coordenadores
regionais (por linguagem) e um coordenador pedagógico do Programa. Penso que
foi nessa edição que houve uma ruptura entre a ação dos AOs e CAOS e o resto do
programa (Coordenação Regional, Coordenação Pedagógica e Coordenação Geral). A
tripartição da coordenação regional na Dança trouxe a fragmentação da unidade
de olhar sobre a linguagem, e também o foco sobre algum tema propulsor,
disparador para investigação artístico-pedagógica (leia bem: disparador, não
redigi obrigatório!). Se por um lado Artistas Orientadores e Coordenadores Artístico-pedagógicos
investiam no contato com o vocacionado (alvo do material norteador), por outro
os demais coordenadores estavam ocupados resolvendo demandas burocráticas da
SMC: parcerias, articulações, trocas, revista mostra etc. Nesse ano fiz parte
do grupo de organização e produção da Mostra Vocacional e, ao observar as apresentações
vi em muitos trabalhos da linguagem que não existia DANÇA. O que seria isso?
Como professora de semiologia da cena muitas vezes olho um trabalho e procuro
imagina-lo sem o figurino, trilha sonora, objetos cênicos, iluminação e tento
ver a dança, a manifestação do corpo em deslocamento espaço/temporal criando
sentidos, propondo reações no fruidor, e, de repente, vi-me observando
trabalhos de Dança sem dança, onde eram outros signos da cena que construíam um
sentido, uma dramaturgia. Teria a linguagem Dança virado Encenação?
Nada contra a
Encenação muito pelo contrário, sou apaixonada por este viés das artes do
espetáculo, mas estaríamos nós da dança pensando em encenação para dança? Em
dramaturgia da dança? Parecia-me que não, que apenas enquadrávamos os formatos
e procedimentos apr(e)endidos do teatro em nossas partituras e (pseudo)
pesquisas. Os procedimentos de jogos teatrais que geram ações cênicas eram
apenas aplicados à dança sem uma reflexão, uma crítica ao que fazíamos. Claro
que existiam exceções, mas essas nunca foram valorizadas pela coordenação ou
mesmo pelo coordenador pedagógico do programa, pois normalmente não
apresentavam um efeito tão "espetaculoso".
Esses
estranhamentos geraram algo (enfim) na coordenação pedagógica do programa que pela
primeira vez propôs aos coordenadores artísticos pedagógicos que falassem de
suas linguagens, de seus procedimentos, das singularidades das linguagens
apesar de todos trabalharmos com processos criativos. Além disto, houve
novamente mudança na estrutura do Programa: extinguiram as coordenações
regionais e pedagógicas e reintegraram o "cargo" de coordenador de
linguagem. Entretanto, este coordenador deveria dar conta das angústias e
demandas de dez coordenadores artísticos-pedagógico na dança. Obviamente era
inviável conversarmos sobre as regiões semanalmente (como fazíamos em 2010 e
2011) o que foi afastando-nos gradualmente (lógico que isso também foi regado
pelo discurso da autonomia dos coordenadores). Fora isso começava a perceber o
quanto existe certo "elitismo" de um certo fazer em dança sobre
outras maneiras de fazer dança como as danças urbanas e tradicionais, que
tendem a agregar muito mais pessoas em torno do que a "tal dança
contemporânea" que de tão auto reflexiva, singular, subjetiva, por vezes
interessa só aos umbigos de quem a dança. Notava o grau de ignorância em
relação a outras formas e processos de criação artística. Talvez uma das coisas
bem interessantes que enquanto linguagem tenhamos percebido foi que a Técnica
poderia ser uma agregada, não mais uma vilã dos processos de criação,
entendendo que pessoas (corpos) para produzirem um discurso mais sofisticado em
dança necessitam de tônus muscular, de domínio e consciência dos e sobre
vetores do movimento, e que para gerar conexões mais elaboradas de movimento
por vezes é necessário algum tipo de treinamento corporal que não somente a
consciência do corpo ou a educação somática que dialogue e prepare este corpo
(pessoa) para seu discurso.
Foi com todas estas
angústias que comecei meu ano vocacional, pronta a refletir sobre nossa própria
linguagem. Para minha sorte, a equipe que tive o privilégio de coordenar possui
inquietações próximas às minhas e partiu deles a sugestão de fazermos
seminários sobre dança, logo em nossa segunda reunião pedagógica. Pensei que a
pesquisa a partir dos seminários pudesse ser uma pesquisa mais em grupo, e
queria pensar num viés que fosse mais específico e que focasse o Artista
Orientador em Dança.
A ideia de
questionários começou a tomar forma depois de uma reunião dos coordenadores de
dança, na qual se discutiu estilo (principalmente devido à incompreensão que a
maioria possui sobre as danças afro-diaspóricas, incluindo ai as danças
urbanas), o moderno e o contemporâneo.
A coordenadora Nininha
Araújo comentou com sua equipe sobre o questionário que eu gostaria de passar
para todos os AOs e, sua equipe, levantou uma série de questões que me fizeram refletir
sobre o questionário, mas também contextualizá-lo e abrir minhas intenções para
a equipe da dança:
Prezados Artistas Orientadores e Coordenadores
Artistas Orientadores,
Gostaria de contar com sua contribuição em minha
pesquisa dentro do Vocacional Dança, vinculado ao Programa Vocacional da
Secretaria Municipal de Cultura.
Ao longo de meus seis anos dentro deste programa,
tenho deparado com múltiplas questões que, em minha opinião, deveriam ser
discutidas, pois ocorrem simultaneamente às nossas práticas ao tentarmos
instaurar processos artísticos emancipatórios, dentre estas posso destacar
estilo, técnica, método, procedimento, formação, olhar estético hegemônico,
negação de estéticas não ocidentais etc.
Pretendo aprofundar-me nestas questões para
entender quem somos a partir de uma perspectiva da dança, como começamos e
porque começamos a dançar, por que ensinamos, quais acessos usamos para a
criação? Para conseguir ter respostas necessito de escolher uma metodologia
para levantar dados, por questões de ordem espaço-temporal elejo o questionário
como método para levantar e mapear estas informações.
Pretendo levantar estes dados a partir de dois
questionários, este que agora estou enviando cujo teor permeia as questões de
estilo, procedimento e técnica, e o segundo, que enviarei em agosto, mais
ligado às questões de processos de criação.
Uma primeira versão destas questões foi
apresentada à equipe da Nininha Araújo e a partir das observações desta equipe,
faço este preambulo antes de apresentar a vocês este questionário.
Não é obrigatório responde-lo, mas gostaria muito
de contar com a contribuição de vocês. Outra coisa, sobre as devolutivas: como
estes questionários não serão avaliações de desempenho profissional, não há
necessidade de devolutiva (apontar pontos positivos ou negativos para melhorar
o desempenho), porém penso ser mais que justo compartilhar com vocês Artistas
Orientadores meu ensaio de pesquisa que pretendo enviar, em novembro, quando o
tiver finalizado.
Se possível respondam e enviem-me até dia 25 de
junho de 2014.
Também coloco-me a disposição para dirimir
quaisquer dúvidas. Email:
yaskara.dancavocacional@gmail.com –
celular 9XXXXXXXX
Desde já agradeço sua contribuição
Yaskara Manzini
São Paulo 25 de maio de 2014.
Este preâmbulo e o questionário foram enviados a todos os coordenadores de dança que
replicaram para seus Artistas Orientadores. Da equipe formada por 60 (sessenta)
profissionais apenas 5 (cinco) pessoas, ou seja, menos de 10% responderam a
pesquisa. Das pessoas que responderam duas eram coordenadoras, dois AOs novos e
apenas um Artista Orientador experiente no Vocacional.
Minha intenção era conhecer melhor a história de
cada AO do programa e tentar estabelecer cruzamentos a partir de gerações de
artistas e formação para entender que tipo de Artista da Dança envolve-se no
Vocacional. E como este artista dialoga entre os princípios do programa e sua
formação.
O Artista Orientador deveria apontar seu nome,
data de nascimento e idade, para que eu pudesse entender de que geração da
dança ele é, pois o vocacional agrega várias gerações de dança: seguramente
temos Artistas recém-formados por vota dos seus 20 anos e também artistas
veteranos com até 60 anos. Desta maneira, o Vocacional é um lugar privilegiado
ao conseguir agregar pelo menos 40 anos de pensamento e experiência em dança na
cidade de São Paulo. Responderam ao nosso questionário dois artistas na casa
dos 50 anos, dois artistas com 29 anos e um artista com pouco mais de trinta
anos.
O primeiro aviso para responder ao questionário,
alertava para o preenchimento a partir de certa conceituação e foram elencadas
14 questões.
Estilo como jeito, maneira singular, particular de
articular o corpo e seus movimentos a partir de tempo/espaço específicos na
história estética da humanidade.
Procedimento como maneira de agir: sequencia de ações ou instruções a serem
seguidas para resolver um problema ou efetuar uma tarefa.
Técnica como conjunto de regras, normas ou protocolos
que se utiliza como meio para chegar a uma certa meta.
Redigirei em negrito minhas considerações sobre
as respostas e meus informantes.
1. Como foi seu primeiro contato com a dança?
Dos nossos
cinco artistas dois tiveram primeiro contato na escola, um dentro da própria
família, um por convite de amigo e um na
primeira infância, dos cinco quatro tiveram este primeiro contato na
adolescência. Sendo que dois dos entrevistados só começaram a estudar dança
depois de ter tido seu primeiro contato, por coincidência ambos homens.
2. Qual foi o primeiro estilo de dança que você
apreendeu?
Dois de nossos
artistas começaram com o jazz, um com balé, um com danças urbanas (street e hip
hop) e um com contemporâneo.
3. Onde se deu esta formação?
Três de nossos
artistas iniciaram seus estudos em academias de dança, um na faculdade e um por
via de oficinas oferecida por ONG.
4. Ao longo de sua vida, você absorveu outros
estilos de dança?
Todos foram unanimes em afirmar que tiveram contato com outros estilos de dança.
Todos foram unanimes em afirmar que tiveram contato com outros estilos de dança.
5. O que o levou a absorvê-los?
No discurso de
nossos artistas algumas palavras emergiram: "aperfeiçoar" apareceu em
duas respostas, um dos artistas redigiu que sentia o estilo que dançava
incompleto o que o levou a conhecer outro estilo, um de nossos entrevistados
escreve que por "evolução da dança" e outro que a profissionalização
o impulsionou.
6. Especifique os outros estilos de dança
apreendidos.
Apareceram: balé, jazz, dança moderna, dança contemporânea, afro, danças urbanas, butoh, performance, dança-teatro
7. Dos estilos apreendidos com quais você sente maior afinidade como intérprete?
Apareceram: balé, jazz, dança moderna, dança contemporânea, afro, danças urbanas, butoh, performance, dança-teatro
7. Dos estilos apreendidos com quais você sente maior afinidade como intérprete?
Quatro artistas
apontaram a dança contemporânea como afim, considerei a primeira palavra
grafada nas respostas. Apenas um artista elegeu a dança-teatro como afim.
Apesar da formação estes artistas dialogam com o Vocacional e seu instrumental
norteador, pois já possuem certa afinidade com o pensamento contemporâneo
8. Desses estilos algum possui técnica ou técnicas
especificas?
Três artistas apontaram que os estilos que conhecem possuem
particularidades e/ou são confluências de diversas técnicas. Um artista trouxe
à tona a expressão “prática corporal” como possível sinônimo de técnica e
afirma que o contemporâneo não possui técnica específica. Outra complexidade, o sentido de complicação, quando trata-se de
danças urbanas, pois não há “técnica metodológica desenvolvida e compartilhada
com um mesmo nome”, segundo nosso informante da área. Ele dá a entender que ao
invés de técnicas existem danças e exemplifica com a “house dance”. Desta
menira entendo que nas danças urbanas, não existe uma técnica ou metodologia de
ensino. Existem danças locker, popping
etc que perfazem as danças urbanas.
9. Em caso afirmativo especifique a técnica
apreendida também. (Por exemplo: Dança clássica: técnica Vaganova e/ou Bournonville e/ou
escola cubana, escola inglesa etc)
Dentro da
dança contemporânea foram apontados como técnica: Laban, Forsythe, práticas
somáticas, Klauss Viana, Tai Chi Chuan, floorwork, dança moderna.
Na dança
clássica houve destaque para Vaganova (método russo), Royal (método inglês) e
Matt Mattox no jazz.
10. Dos estilos apreendidos com quais você sente
maior afinidade como professor?
A maioria de nossos
artistas afirmou possuir afinidades com o contemporâneo, mesmo que trabalhem
com estilos que estão mais habituados nas academias de dança. Apenas um artista
apontou dança-teatro como afim.
11. Há alguma técnica que você gosta de trabalhar como professor?
Um artista afirma que todas as técnicas aprendidas em sua trajetória
artística são aplicadas de formas diversas como professor. Dois artistas
afirmam usar Laban, além disto aparece Forsythe e Contato-Improvisação. Um
artista respondeu evasivamente citando a utilização de processos ativos de aprendizagem,
mas não o nomeia. Um artista cita a dança contemporânea como técnica.
12. Como você utiliza o estilo em sua prática
pedagógica dentro e fora do Vocacional?
Entendendo que as
respostas são singulares, copio e compartilho as partes mais interessantes das
respostas:
Artista 1:
“ Eu num utilizo de forma rígida não. Creio que tudo depende do grupo, do
contexto e qual resultado vc quer chegar. Porém, tudo parte de uma perspectiva
de um corpo contemporâneo.”
Artista 2: “Os estilos diversos são escolhidos a partir do que o processo criativo
desencadeia. Não sendo trabalhados como objetivo final, mas como meio. “
Artista 3: “...penso
que gosto de trabalhar algo que venho trabalhando desde que comecei a dar aula,
aos 15 anos de idade, mas mais amadurecido, com mais experiências, com mais
reflexões, com mais bagagem, com mais possibilidades de corpo. [...]Hoje vejo
que o que me motiva e é aprofundar nesta pesquisa de fusão de linguagens.”
Artista 4: “No vocacional tento trazer o estilo como uma descoberta de
possibilidades de caminhos dos corpos”
Artista 5: ”Como trabalho
com dança contemporânea onde os processos artísticos são colocados em pratica o
tempo todo, isso faz com que dialogue com os conceitos e princípios do
programa. A pedagogia é criada no próprio fazer, na sua prática.
Cada processo é um processo. “
É
interessante notar que em um caso estilo aparece como algo rígido, em outro
como algo que foi adquirido e vivido e que pode buscar uma fusão com outros
estilos, o estilo ainda aparece como possibilidades de estados do corpo, como
meio para proporcionar um discurso. Em apenas um caso assume-se o contemporâneo
como estilo alinhavando-o às premissas pedagógicas do programa.
13.
Como você
utiliza o procedimento em sua prática pedagógica dentro e fora do Vocacional?
Artista 1: “... Gosto de trabalhar com tarefas e intenções coreográficas. Tem surgido resultados interessantes. Além de valorizar a produção do interprete. Claro que existe um filtro, pois a tarefa requer um modo de se organizar no espaço.”
Artista 1: “... Gosto de trabalhar com tarefas e intenções coreográficas. Tem surgido resultados interessantes. Além de valorizar a produção do interprete. Claro que existe um filtro, pois a tarefa requer um modo de se organizar no espaço.”
Artista 2: “Os
procedimentos também são pensados a partir do que o processo artístico demanda.
Tendo a desconstruir e reconstruir os procedimentos mais comumente utilizados e
às vezes até a criar procedimentos em função do que os corpos precisam no
momento e do que acho importante que seja percebido pelos alunos.”
Artista 3: “Vejo os procedimentos com vários
"starts", vários estímulos que podem auxiliar os artistas a
descobrirem novas possibilidades de corpo. Acredito que a partir dos procedimentos
conseguimos trabalhar vários aspectos: técnica, improviso, sensibilidade,
criação, etc...”.
Artista 4: Não respondeu a esta questão.
Artista 5: “Os procedimentos são voltados para
processos artísticos onde implica técnica e suas experiências.”
14.
Como você
usa a técnica em sua prática pedagógica dentro e fora do Vocacional?
Artista 1: “... creio que Laban e a relação que ele tem com o espaço é um bom ponto de partida, pra daí, ir refinando outros conceitos. Dentro do Vocacional, creio que é um espaço pra concretizar vivências e de fato, propor técnicas, de acordo com o mencionado acima, para levar o vocacionados a explorar outras maneiras de perceber o corpo, tempo, espaço e a sua dança.”
Artista 1: “... creio que Laban e a relação que ele tem com o espaço é um bom ponto de partida, pra daí, ir refinando outros conceitos. Dentro do Vocacional, creio que é um espaço pra concretizar vivências e de fato, propor técnicas, de acordo com o mencionado acima, para levar o vocacionados a explorar outras maneiras de perceber o corpo, tempo, espaço e a sua dança.”
Artista 2: “Uso a técnica como meio para que o aluno reconheça seu corpo de forma
mais organizada nele mesmo e no espaço. Para tanto, reservo um tempo
considerável do encontro para a técnica. O que faço questão é que os elementos
técnicos utilizados estejam ligados diretamente ao trabalho de criação, jogos de
improvisação e afins, e ao trabalho de sensibilização corporal. De forma que
haja um desenrolar natural entre sensibilização, trabalho técnico e criação, evitando um buraco entre a experiência
técnica e a criativa.”
Artista 3: “... a técnica vejo como algo que
dará o "background" para sua dança. Será o começo, mas não o fim.
Será a base, aquilo que pode sustentar a sua dança, mesmo que seja para
desconstruí-la, para negá-la.”
Artista 4: “No vocacional a
técnica se refere ao trabalho desenvolvido e de perceber também de onde parte o
movimento, quais os pontos de apoio, equilíbrio; quais os caminhos para se
chegar num objetivo e que se perceba a construção do processo criativo;
trabalhar o corpo para ser mais ativo e presente.”
Artista 5: “Penso
que a técnica é o meio para se chegar a dançar,
considero técnica, tudo, até como olhar em cena!
uma simples caminhada requer técnica. Criar meios e
modos para alguém dançar é uma prática pedagógica, seja ela qual for.”
Os
cinco artistas assumem procedimento e técnica como meios necessários para
dançar, para obter consciência do corporal, para efetivação de processos
artísticos. Chamou-me a atenção apenas um artista ter assumido que elabora e
reelabora procedimentos a partir das necessidades dos processos de criação.
Duas
questões seriam aprofundadas num segundo questionário que não foi disparado
devido à baixa adesão e colaboração nesta pesquisa: contemporâneo pensamento ou
estilo e relações técnica/procedimentos, talvez mais precisamente: técnicas de
treinamento corporal e procedimentos para criação coreográfica.
Se por um lado fiquei frustrada por não
conseguir dar sequencia a minha pesquisa pessoal, por outro, no coletivo fiquei
grata pelo comprometimento da equipe que coordeno e pela adesão de outros AOs
para a participação em nosso ciclo de seminários:
PROCESSOS DE CRIAÇÃO E PESQUISA ARTÍSTICA EM DANÇA
Este seminário teve por
objetivo promover a prática, o debate e o diálogo reflexivo entre os artistas
orientadores e interessados envolvidos na versão 2014 do Programa. Cada
encontro abrangeu dois momentos: o primeiro com enfoque em duas vivências
práticas nos subtemas do seminário, e o segundo composto por uma mesa redonda.
Assim, abarcamos artistas-pesquisadores com múltiplas perspectivas,
engajamentos políticos, poéticas de criação e experiências
artístico-pedagógicas diversas sobre o tema do seminário.
Tema 1: Processos
Criativos e Pesquisa Artística em Dança, como instaurá-los?
Realizado em 31/05 no
Centro de Danças Humberto Silva, sala azul
Oficinas: TJ (AO/ZL) e
Elenita Queiroz (CAO/ZS)
Mesa redonda: Duda
Moreno (CAO/ZN) Cristina Ávila (AO/ZS)
Mediação Renato
Vasconcelos (AO/ZCO)
Este primeiro encontro
reuniu cerca de treze AOs, incluindo nosso coordenador de linguagem, uma de
formação e dois artístico-pedagógicos, fora os membros da equipe e um
coordenador de Núcleo de Ação Cultural (NAC Uirapuru). Neste encontro ficou
claro o desdobramento de procedimentos para iniciar processos de criação
coreográfica.
Tema 2: Danças Urbanas:
codificações, decodificações e recodificações.
Realizado em 29/06 no
Centro de Danças Humberto Silva, sala Café
Oficinas: Osmar (AO/ZS)
e Ivo Alcântara (AO/ZN)
Mesa redonda: Marcelo
Backspin (CAO/Z.S.) Igor Gasparini (AO/ZL)
Mediador: Mariana Costa
(AO/ZCO)
Este encontro também
agregou cerca de quinze pessoas entre Artistas Orientadores e Vocacionados, foi
um dos mais potentes e permeou questões relativas aos modos de reprodução e
recriação de movimentos. Além disto,
houve uma aula de história da dança urbana, que desdobrou-se em artigo escrito
para a Revista Vocare pelo AO Ivo Alcântara.
Tema 3: Dança, corpo
& gravidade: videodança e dança aérea.
Realizado em 27/07 no
CEU Jaguaré
Oficinas: Mariana
Duarte (AO/ZCO) e Rita Cavassana (AO/Interlinguagens)
Mesa Redonda: Tatiana
Guimarães (CAO/ZL) e Maria Duarte (AO/ZCO)
Mediador: José Romero (Coordenador
de Linguagem)
Este encontro reuniu
cerca de quinze pessoas entre Artistas Orientadores e Artistas Vocacionados que
puderam experimentar práticas de dança não usuais, a primeira mais voltada a
uma reconstrução do corpo ao lidar com outro eixo de equilíbrio, postura, peso
por meio de procedimentos criados a partir de técnicas circenses, a segunda
mais voltada as nuances da observação do registro do corpo e suas relações com
o espaço.
Tema 4: Dança
Contemporânea ou Danças Contemporâneas?
Realizado em 30/08 no
Centro de Danças Humberto Silva, Sala Café
Oficinas: WilliHelm (AO/ZL)
e Renato Vasconcelos (AO/RCO)
Mesa Redonda: Nininha
Araujo (CAO/ZL) Carol Lucci (CAO/ZS).
Mediação: Mariana Costa (AO/RCO)
Este seminário reuniu
quase vinte pessoas entre Artistas Orientadores e Vocacionados. Junto ao
sub-tema referente à dança urbana poderia ser desdobrado. Deveria ser tema de
estudo no Vocacional dança para entendermos pensamento e estilo.
Tema 5: Dança
Brasileira x Dança afro-brasileira.
Realizado em 27/09 no
Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo.
Oficinas e mesa
redonda: Andrea Soares (AO/RCO) e Yaskara Manzini (CAO/RCO).
Mediação Renato
Vasconcelos (AO/RCO)
Ao contrário dos outros
dias de seminário, este foi o mais desprovido de público, além da equipe
estavam presente dois coordenadores e um Artista Orientador. Entendendo que
trabalhamos em regiões periféricas a questão racial e de identidade brasileira
deveria minimamente ser discutida, mas pareceu-nos que as subjetividades dos
Artistas Orientadores estão mais voltadas para outros olhares sobre os lugares
que habitam.
Tema 6: Dança: lugar
específico ou qualquer lugar?
Realizado em 25/10 no
Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo
Oficinas e mesa
redonda: Luciana Arcuri (CAO/ZS) e Josefa Pereira (AO/Interlinguagens).
Mediadora Yaskara
Manzini (CAO/ZCO)
Este subtema reuniu
cerca de cinco Artistas Orientadores além da equipe, mais uma vocacionada e
dois munícipes. Foi uma vivencia e reunião bem interessante quando se pensou e
discutiu a dança em vários lugares, desde os físicos até os políticos.
O seminário Processos
Criativos e Pesquisa Artística teve um desdobramento a convite das coordenadoras
de formação e aconteceu também dentro da Atividade Processos Artísticos Tempo
Espaço Encontro sobre formação Artístico Cultural na Cidade de São Paulo em
13/09 no Tendal da Lapa, com o sub-tema: “Processos Criativos e Pesquisa
Artística: fusões, confusões e experimentações”. As oficinas e o dedo de prosa
foram conduzidos por Mariana Duarte (AO/ZCO - dança aérea) e José Romero (Coordenador
de Linguagem - videodança).
Apesar da participação
de oito Artistas Vocacionadas do Tendal da Lapa e uma do CEU Jaguaré, que
ficaram após seu encontro, ninguém mais apareceu, além da equipe que estava
envolvida. A direção do Tendal da Lapa deu todo o apoio técnico para a
realização do seminário que foi muito potente, pois as oficinas foram pensadas contemplando
modos de produzir dança que foram gerados a partir de pesquisa e fusões de
linguagens. No final do tempo destinado às oficinas houve interação de
propostas criando um híbrido.
Apesar da potencia do
acontecimento ficou muito claro para nossa equipe que tal “evento” proposto
pela coordenação de formação não passou de um convite para preencher pauta de
um evento maior. Não somente nenhuma coordenadora de formação apareceu, como
nem o coordenador regional centro/oeste/norte/noroeste. Mas deixemos o abandono de lado e escrevamos sobre coisas que de fato interessam e são
executadas com verdade e comprometimento.
Ao finalizar estas
linhas percebo o quanto minha equipe trabalhou, refletiu e pensou sobre a dança
dentro do vocacional, percebo a quantidade de Artistas Orientadores e
Coordenadores da dança que deslocamos e convidamos para “bater figurinhas”,
trocar procedimentos e pensamentos colocando o dedo nas feridas da linguagem. Amadurecemos
enquanto linguagem... que venha 2015!
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