domingo, 30 de novembro de 2014

O Que Esperamos Na Ágora Reunidos?

O Que Esperamos Na Ágora Reunidos?
Diálogo poético impertinente e aberto com Konstantinos Kaváfis. Ideias em busca de idéias. Uma jornada feita de encontros do Projeto Teatro Vocacional.

O que esperamos na Ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
E o que esperávamos reunidos nas assembléias do ano passado?...

            Por que tanta animosidade nos rostos sombrios?
            Por que a palavra presa na garganta? Esse desejo de resposta?...
           Os coordenadores não legislam mais?

                           É que os bárbaros chegam hoje.
                           Que leis hão de fazer os coordenadores?
                           Os bárbaros que chegam as farão.

Uma busca por respostas que alimentaram outras perguntas. Os bárbaros anunciados por Kaváfis teriam as respostas (ou as perguntas)?...Nos reunimos muitas vezes à espera de encontrar soluções. Foi um processo que se fez por meio de reuniões gerais, na busca de se constituir um corpo uno de pensamento e desejo...

Lembra, corpo, não só o quanto foste amado,
não só os leitos onde repousaste,
mas também os desejos que brilharam
por ti em outros olhos, claramente,
e que tornaram a voz trêmula – e que algum
obstáculo casual fez malograr.

Vi o meu interesse, ao assumir nesse ano a coordenação do Projeto Teatro, em recuperar um espaço de reflexão e discussão, que foi fundamental nas ações políticas das assembléias do ano passado. Mas, como vamos nos reunir novamente na Ágora?... Para falar exatamente sobre o quê? Para esperar o quê? E de quem?...
Não podíamos retomar o caminho a Ítaca naquelas condições, temerosos de encontrar na nossa jornada Lestrigões e Ciclopes, ou de sermos intimidados pelo furioso Poseidon. Não iríamos encontrá-los durante a caminhada somente se o pensamento estivesse elevado, se a emoção jamais abandonasse os nossos corpos e nosso espírito. Lestrigões, Ciclopes, e o furioso Poseidon apenas não estariam em nosso caminho se nós não os carregássemos em nossa alma. Se a nossa alma não os colocassem diante de nossos passos.
Foram quatro reuniões do Projeto Teatro. Quatro erupções de um processo que começou com um Open Space, uma maneira de dar voz e rumos aos caminhos e as rotas que não sabíamos ainda como traçar. Só sabíamos que a jornada de regresso em direção a Ítaca seria longa, repleta de aventuras, plena de conhecimento. E que não podíamos apressar os nossos passos; era melhor que a jornada demorasse muitos anos e que nosso barco só ancorasse na ilha quando nós já tivéssemos enriquecido com o que conhecemos ao longo do caminho.
O processo foi realmente lento e cuidadoso. Levamos dois meses singrando mares de proposições levantadas no Open Space até aportar na segunda reunião. Conversamos e ouvimos bastante os artistas das equipes. Procuramos visitar os empórios da Fenícia. Ir às cidades do Egito, aprender com um povo que tem tanto a ensinar. Veríamos com prazer a fundação do primeiro porto, o Vocacional Memória, trazer uma alegria nunca vista.

Por que, então, não vêm os dignos oradores
     derramar o seu verbo como sempre?
      
           É que os bárbaros chegam hoje
                e os aborrecem arengas, eloquências.


Na segunda reunião elegemos três eixos. Três objetos de investigação que coletivamente desejávamos nos debruçar. Para falar melhor sobre política e estética. Para retomar o papel da Ágora, aquele lugar da manifestação de qualquer um, adequado à constituição política do Projeto. A praça pública destinada ao exercício da democracia. Local de reuniões e  assembléias onde os gregos discutiam assuntos ligados à polis. Oportunidade de decidir sobre temas ligados ao artístico-pedagógico, à estrutura do Programa, às leis... O lócus da constituição do nosso corpolíticoletivo.

Por que nos organizamos tão urgente
e em coro solene tomamos assento,
no auditório do oitavo andar ou no Cine Olido?
     
     É que os bárbaros chegam hoje,
            e nós contamos lhes saudar.
           Temos pronto para dar-lhes
            um pergaminho no qual estão escritos 
            nossas propostas e reivindicações.
    
As perguntas são muitas para tão escassas respostas. Contamos na terceira reunião com a presença do chefe do Departamento de Expansão Cultural para nos elucidar. Também já havíamos contado no ano anterior com a presença do Secretário de Cultura. Também fomos em busca de respostas na Câmara dos Vereadores...
Todo o processo é feito de incertezas. Toda a jornada tem sempre um quê de mistério, não sabemos exatamente onde iremos chegar. Temos a todo o momento Ítaca na mente, estamos predestinados a ali chegar. Com essa certeza, esperamos novamente na Ágora os bárbaros que vão chegar. Temos pressa, termos urgência! Estamos reunidos mais uma vez!

Mas, por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido a Ágora se esvazia
e todos voltam para casa preocupados?

      Porque é já noite, os bárbaros não vêm
      e gente recém-chegada das fronteiras
      diz que não há mais bárbaros.

                   Jamais saberemos quem eles são...
                   Sem bárbaros o que será de nós?
                  Ah! eles eram uma solução.





Ipojucan Pereira da Silva – Coordenador do Projeto Teatro Vocacional.

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REFLEXÃO POÉTICA SOBRE UMA EXPERIÊNCIA


Programa Vocacional

 
Projeto Artes Integradas

Artista Orientador: Caco Mattos

Coordenadores: Ieltxu Martinez Ortueta e Teth Maiello

Ano: 2014

 
 
Reflexão poética sobre uma experiência

 
SER – ESTAR – SE MOSTRAR – AFETAMENTOS – ATRAVESSAMENTOS -PRESENÇA – DESAFIOS – QUESTÕES NORTEADORAS – DESLOCAMENTOS – EXPERIÊNCIA – SE PERMITIR – ESTAR PRESENTE – DESCOBERTA – NOMADISMO – TEORIA – REFLEXÃO

Deslocar-se de um ponto a outro com a musculatura, a pele, os ossos, com aquilo que chamamos corpo e suas  percepções, escuta, afetamentos, memorias, atravessamentos... Deslocar-se a partir de provocações, perguntas lançadas para si mesmo e para o outro, buscando respostas a partir de procedimentos para investigar a potência do ser, do estar... do querer estar, do se permitir abrir novos espaços internos-externos, possibilidades. Se permitir mover-se por entre a areia movediça mesmo com o medo de ser sugado pelo desconhecido, pelo abandono, do encontro-desencontrado na desconfiança com o desconhecido, do não se permitir, com medo da sensação de ser estrangeiro de si mesmo, o medo de experimentar o não experimentado evitando assim entrar em contato com o que se considera estranho, desconhecido, im - permitidos até então...

 

Mesmo na deriva das situações, nas tentativas, no fluxo constante da impermanência, emerge a investigação nas im-possibilidades - possíveis, passo por passo com objetivo de traçar o caminho com as pistas que iam surgindo em cada encontro.
  

Tudo flui e nada permanece, tudo dá forma e nada permanece fixo.
Você não pode pisar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras, vão fluir.”

 Heráclito

 Estamos de passagem, estamos presentes no momento presente, pertenço ao aqui e agora com todo o seu risco e potência.
 
O que me moveu em 2014, foram as questões , atos, protestos, os brados retumbantes poéticos, a inércia, do se perder e se permitir se perder, medo de se dar conta da impermanência , que estamos de passagem, VIVOS!
 

Tive fome do que?


Que o momento presente é que importa!

A pedagogia do dia!

O desespero do dia!

A frustração do dia!

O silêncio do dia!

O ato poético do dia!

O desconforto do dia!

Do desconhecido!

A experiência do dia!

Guiado pela inquietação que me faz vivente, me coloca em movimento, em busca daquilo que não sei, daquilo que quero saber... O estabelecido não me move... Se estar presente é estar vivo, se agir é estar vivo, então vivi arriscando durante os meses que me foi permitido viver...

Se chegamos a algum lugar, foi a partir da experiência que nos permitimos experimentar e nos provocar com esse nosso espirito nômade, de estar num não lugar, de pertencer a não pertencer, de transformar aquilo que nos atravessou naquilo que demos forma de nosso jeito, pesquisando, abrindo novas perspectivas sobre aquilo que era nomeado de desconhecido, percebendo pontos de contato entre o saber e o não saber que não sabíamos que sabíamos , ou, era chamado com outros nomes. Reconhecer.
 
Foi na experiência, que foram investigados - atos poéticos performáticos provocadores para nós mesmos com o objetivo de nos deslocar, de permitir pesquisar na prática verificar o que acontece:
 
 
Qual é a bomba que cada um carrega? (Se você me ajudar a Bomba Explode!);
 

“Se você me ajudar a Bomba explode!” Centro Cultural da Penha – Turma Quarta-feira
Esta performance foi criada a partir da vontade de surpreender as pessoas com a imagem de um performer numa situação de risco em que se encontra, impossibilitado de agir e de se comunicar, no caso, com uma fita adesiva vedando sua boca e suas mãos atadas nas costas. Uma placa colada no peito com a frase “Se você me ajudar, a bomba explode”, sugerindo ‘risco’ também para o público que escolhe ajudar o performer.
A parte essencial deste ato performático é o conceito da “Bomba”. A “Bomba” passou a ser sinônimo de algo que o ator/performer gostaria de dizer. Um desabafo pessoal ou uma crítica social que é dita pelo performer em uma única frase no momento em que a fita adesiva é retirada da boca por alguém que passa e escolhe ajudá-lo.
“Se você me ajudar a Bomba explode!” Centro Cultural da Penha – Turma Quarta-feira
Performance:
- Elaborar uma frase curta relacionada aos seguintes temas: proibido/permitido, público/privado e imagem; O que é permitido? O que é proibido? O que é público? E privado? Até que ponto é liberdade de expressão e não falta de respeito? Pode ser algo pessoal e/ou que o incomoda. Ela deve ser clara, ou seja, a ideia tem que estar formada, não confusa (o performer tem que entender o que ele quer dizer);
- Boca com fita adesiva e mãos atadas nas costas mais a placa colada no peito com a frase “se você me ajudar, a bomba explode”;
- Duração: 15min a partir do momento em que todos estiverem parados no local escolhido ou até que alguém o ajude retirando a fita adesiva de suas mãos e boca;
- Local: A decidir;

Regras:
- Todos espalhados pelo espaço escolhido;
- Duração: 15 minutos - Não é permitido conversar a partir do momento que se    inicia a preparação;
- Não é permitido pedir ajuda nem insinuar o que deve ser feito;
- Manter o olhar vivo/fixo (não vago/morto), sem olhar de piedade;
- Caso a pessoa que ajudar só retirar a fita da boca e deixar as mãos presas, o    performer deverá ainda dizer sua frase e se dirigir até o lugar combinado;;
- Quando a bomba explodir, sair do local (ir para o lugar combinado);
- Se passar 15 minutos, ir embora mesmo se ainda estiver preso”.(Um apito será utilizado para avisar o término dos 15 minutos);
 
Quando um corpo se move , move o que no espaço? (Ensaio sobre a Invisibilidade);  
 
Ensaio sobre a Invisibilidade – Turma de quarta-feira – Centro Cultural da Penha
ENSAIO SOBRE A INVISIBILIDADE
Procedimentos poéticos investigados na rua a partir de duas perguntamos a serem experimentadas na prática:
Quando nos tornamos invisíveis?
Quando nos tornamos visíveis?
Os procedimentos foram criados tendo como base de reflexão e elaboração dos procedimentos, matéria de Plínio Delphino, Diário de São Paulo, recolhida da internet sobre “Invisibilidade Pública”, conclusão de tese de mestrado do  psicólogo social Fernando Braga da Costa que “durante 8 anos vestiu e uniforme e trabalhou como gari, varrendo ruas  da Universidade de São Paulo.”
Procedimentos:
Foram criados dois movimentos poéticos
 
1o.Movimento:
- Ficar parado na rua e em silêncio;
- Mudança de atitude física a cada tempo escolhido por cada vocacionado;
- Duração 10 minutos. Ao termino dos 10 minutos, um vocacionado terá a função de tocar todos que estão no espaço;
- Duração 10 minutos. Ao termino dos 10 minutos, um vocacionado terá a função de tocar todos que estão no espaço;
- A ação terá inicio e o tempo será cronometrado a partir do momento em que todos os vocacionados se posicionarem na rua e estabelecerem uma atitude física; 
 
 
 2o.Movimento:
 
- Ficar parado na rua e em silêncio;
- Cada vocacionado determina ao outro qual ação física será executada na rua e, de quanto em quanto tempo deverá ser repetida;
- Duração 10 minutos. Ao termino dos 10 minutos, um vocacionado terá a função de tocar todos que estão no espaço;
 - A ação terá inicio e o tempo será cronometrado a partir do momento em que todos os vocacionados se posicionarem na rua;
 
Aquilo que nos incomoda provoca/mobiliza o que nas pessoas que passam? (Qual parte do corpo que me incomoda?);
Centro Cultural da Penha – Turma Quarta-feira
PERFORMANCE/ATO POÉTICO: Se Expor –Estar no Mundo - Fragilidade – Estado de presença
 
Perfomance:
- Escolher o lugar da performance/ato - (espaço público);
- Ficar parado na rua com uma placa presa no peito com uma palavra sobre qual parte do corpo que te incomoda?;
- Duração: 15 minutos;
- Alguém do grupo será responsável em indicar a todos que os 15 minutos se passaram;
- Durante a performance/ato não se poderá falar;
 
Deslocamentos conscientes da musculatura, do eu, da pele, dos ossos, de nossa imagem que interfere no espaço! (Cadeiras Nômades);
CORPO=ESPAÇO=PRESENÇA
                                        Centro Cultural da Penha – Turma Terça-feira
 
Passagens poéticas
Cadeira – corpo – ponto de apoio – composição – observar – estar – jogo
Observador :- registrar no papel as imagens criadas
Trajetória – de um lugar a outro – corpo presente na passagem: Presente-Futuro-Ponto de partida-Ponto de chegada: Fotografar imagem
Câmera lenta – Imobilidade – Rapidez
 
SER - ESTAR - SE MOSTRAR
 Cadeiras Nômades – Centro Cultural da Penha – Turma Terça-feira
 EU   - A CADEIRA – O QUADRO
Olhar – Construir – Me colocar – Sair – Reconstruir – Sair – Me colocar – Ficar
Tempos
Imobilidade
Ritmos
Materialidades: cadeiras-espaço escolhido: frente CCPenha
“Corpo Cênico:- O que aconteceu com seu corpo no espaço?”
Experiência.
-:Quando eu deixo de ser eu mesmo?:-
+SER-ESTAR:- O QUE ME ATRAVESSA? TRANSFORMAR+
Enunciados claros
Perguntas – procedimentos – dispositivos
Cadeiras Nômades – Centro Cultural da Penha – Turma Terças-feiras

Ser -  Corpo – Identidade – Centro Cultural da Penha – Turma Terça-feira - Texto Vocacionada MBóle
 
Como investigar conceitualmente um estado determinado, Corpos em relação, Olhares conectados? (30 minutos de festa-O ato de festejar).
30 MINUTOS DE FESTA
 
Uma das etapas do processo de investigação:
SER – Corpo-identidade-consciência;
ESTAR – Estado de presença;
SE MOSTRAR -  Intervir – Programa performativo;
A intervenção “30 minutos de Festa”, é pensada e elaborada conjuntamente como os vocacionados do Projeto Artes Integradas no Centro Cultural da Penha e tem por objetivo experimentarem na prática a elaboração de uma intervenção/performance.
A ação, pensada, discutida, problematizada com os vocacionados durante quatro encontros, também contempla aqueles vocacionados que não estão constantemente nos encontros, que passam. Uma tentativa de estabelecer um fluxo, dar continuidade aos encontros e criar um trajeto, um programa, com suas regras, fases, duração, investigação, de passar por uma experiência.
O Corpo Presente – O tempo Presente “Aqui Agora” -  O Jogo e as Regras do Jogo.
Como suporte, alguns recortes/fragmentos de Eleonora Fabião permearam os encontros, detonando inquietações, assombros e medo de expor-se. A intervenção, se torna neste mês de junho, a primeira experiência prática/pública, em frente ao Centro Cultural da Penha, com duração de 30 minutos. Essa ação, também tem por objetivo trazer uma perspectiva não só aos vocacionados sobre uma das possibilidades do que pode ser Artes Integradas.
 A Elaboração/Programa
Pontos de partida:
Discussão até  chegar ao tema - 30 minutos de FESTA.
Levantamento dos elementos constitutivos para realização de uma festa;
Figurino – Decoração –  Música – Espaço – Divulgação/Convite
Conceito – escolha – regras
Conceito: 30 minutos de FESTA
O ato de se Festejar o encontro durante trinta minutos. Pode ser com amigos, desconhecidos que passam pela rua, etc.
Regra: Os atuantes deverão dançar o tempo todo;
Não podem dançar sozinhos;
Não podem falar.
 
Divulgação: Dois homens placas caminharão pelo bairro com os dizeres:
 
30 minutos de FESTA
Hoje – 20hs
Centro Cultural da Penha
Regras: a divulgação será realizada 20 minutos antes de iniciar a festa. Os homens placas não podem falar nesse trajeto.
Figurino: Uma roupa que você usaria para receber alguém numa festa em sua casa. Você é o anfitrião.
Espaço: Será delimitado com um giz. A Festa só acontece dentro desse espaço, mesmo sendo na rua.
Decoração: Apenas uma mesa com uma toalha no centro do espaço delimitado. Sobre a mesa, um vaso de flores naturais.
Música: As musicas escolhidas terão por objetivo estimular a atmosfera de festa, festejar, sem serem temáticas.
Observações:
Todos os vocacionados  terão 20 minutos para  iniciar a festa.
As 19h40  todos descerão já vestidos,”atuando”. Uma parte dos vocacionados são responsáveis pela preparação do espaço, outros dois, serão homens placas, homens divulgação.
A Festa tem inicio às 20h.
Depois de 30 minutos a música acaba. E inicia-se a desmontagem e retirada dos elementos da cena em silêncio.
Processo de elaboração do programa/dispositivo cênico:
 
 
 
 
Vivemos o acontecimento do momento presente ao investigar o que surge nos encontros. Uma experiência significativa.

O que fica em 2014 é a experiência, o se permitir experimentar. Nossos corpos não são mais os mesmos depois desse rito de passagem, e talvez permita nos conectar com a nossa essência humana e a possibilidade da potência do corpo/mente/afetamentos/atravessamentos nas suas transformações ao se relacionar com o mundo dando forma poética, sem medo de errar ou acertar, mas se permitir a passar pela experiência e depois ver os vestígios do que permanece dessa experiência, arriscando. 
Fomos norteados pelos artigos de  Elenora Fabião compartilhados na equipe em nossas Reuniões Artístico Pedagógicas. Sua poética me estimulou a retomar os rastros das experiências realizadas em 2013 e vislumbrar outros caminhos na tentativa de se criar e elaborar procedimentos em 2014, propondo outro olhar, outro tempo, clareando pontos a serem investigados conjuntamente com os vocacionados. Fomos norteados pela contaminação dos procedimentos trazidos pelos parceiros de equipe em nossas reuniões pedagógicas  e pela fricção dos pensamentos de cada um que nos coloca em movimento. Por nossos protestos diários. Pela pesquisa da síntese, dos enunciados claros que se descobrem não tão claros. Que a teoria-pratica-reflexão são pontos que se cruzam e fazem do Programa Vocacional um espaço potencial de investigação cênica.

Chegamos a uma não fórmula, mas a um roteiro criado a partir de nossas descobertas experimentadas que nos guiaram:

 

- O que te atravessa?;

- Forma e conteúdo;

- Tempo/duração;

- Regra/Enunciado;

- Espaço;

- Conceito;

 PREPARAÇÃO – EXECUÇÃO - REFLEXÃO
 
PREPARAÇÃO: elaboração – preparação corporal – materialidades;

EXECUÇÃO: o ato em si – afetamentos – atravessamentos – ser – estar;

REFLEXÃO: como foi a experiência? Reformulações para uma possível revisitação do ato poético performático;

 Antônio de Mattos Cabral
Caco Mattos
São Paulo, 15 de novembro de 2014.