HERCULES MORAIS - CEU CASABLANCA (TEATRO)
Queridos e queridas de Programa Vocacional 2015! Segue artigo escrito a partir de recorte da minha dissertação de mestrado, que teve como objeto de estudo as orientações como AO de teatro, no equipamento CEU CASABLANCA (período entre 2012 e 2015). Um trabalho interdepartamental que envolveu o Instituto de Psicologia IP-USP, o Centro de Artes Cênicas CAC-USP e a Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas FFLCH-USP.
Queridos e queridas de Programa Vocacional 2015! Segue artigo escrito a partir de recorte da minha dissertação de mestrado, que teve como objeto de estudo as orientações como AO de teatro, no equipamento CEU CASABLANCA (período entre 2012 e 2015). Um trabalho interdepartamental que envolveu o Instituto de Psicologia IP-USP, o Centro de Artes Cênicas CAC-USP e a Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas FFLCH-USP.
PROGRAMA
VOCACIONAL, PROCESSOS CRIATIVOS E A CONSTITUIÇÃO DO SER NO MUNDO
UM DIALÓGO ENTRE AS ARTES CÊNICAS E A
PSICOLOGIA CULTURAL DIALÓGICA
Hercules Morais
hercules_morais@hotmail.com
RESUMO
Como a experiência estética
pode ampliar as condições de escuta, leitura e compreensão do mundo? O objetivo
foi trazer à luz o campo da criação artística como analogia da construção
sensível do ser humano. E deste modo, poder refletir sobre como o trabalho
artístico se relaciona com processos subjetivos, conduzindo à transformação de
aspectos psicológicos dos envolvidos. Foi utilizado como material registros da
atividade artístico-pedagógica do pesquisador que atua como artista-orientador
do Programa Vocacional da Prefeitura da cidade de São Paulo. A forma de análise
procura identificar aspectos da arte procurando observar o acontecimento
artístico e suas interrelações com o sujeito inserido dentro do campo
social/cultural. Serão feitas reflexões sobre os procedimentos do processo de
criação que envolve a elaboração de protocolos, depoimentos, ações culturais,
construção de cenas como produtos artísticos que aparecem, ressoam e
ressignificam a vida cotidiana.
PALAVRAS CHAVE
DIALOGISMO, FENOMENOLOGIA, CONSTRUTIVISMO
SEMIÓTICO-CULTURAL, PROCESSOS CRIATIVOS, TEATRO LABORATÓRIO: ARTES DA
REPRESENTAÇÃO.
1.
Apresentação
O texto que se segue nasce de
minha experiência como artista
orientador da linguagem de Teatro, no Programa Vocacional, realizada no equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo CEU CASABLANCA (Capão Redondo - Zona Sul/SP)
desde 2012 até a atual. É importante
registrar este percurso, o tempo e a continuidade sempre discutidas no
Programa, destrinchar disparadores de processos de emancipação oriundos da relação
EU-OUTRO-MUNDO, potencializados e evidenciados a partir
de experiências artísticas. Tal ação cultural de criação
propõe fazer a ponte entre as pessoas e a obra de cultura ou, arte, para que,
dessa obra, possam as pessoas retirar aquilo que lhes permitirá participar do
universo cultural como um todo e aproximarem-se umas das outras por meio da
invenção de objetivos comuns (COELHO, 1997).
Neste sentido, o termo experiência
estética é tomado em seu sentido amplo: não se refere apenas à construção
de uma obra, à sua elaboração física, mas também ao desenvolvimento das
relações entre as pessoas e uma obra – e das pessoas entre si por intermédio da
obra – que permitirão a apreensão mais larga possível do universo da obra e a
ampliação dos universos pessoais (COELHO, 1997). Desta forma, os termos experiência estética e processo
serão apresentados, no sentido
daquilo que é fundamentalmente observado no trabalho, a partir das experiências de montagens, é o
próprio processo que oportunizou tais “resultados”. Buscamos observar a
intrínseca relação de pesquisa artística, e “confecção” de uma visão de mundo
por parte dos participantes feitores da obra, que se estende à montagem do
espetáculo que procura dividir e ou, desdobrar tal experiência de formação com
o público.
A partir do campo de investigações do Construtivismo Semiótico-Cultural em Psicologia chegamos as questões
da polifonia nas relações intersubjetivas e relacionais, do sujeito como multiplicidade e, o aspecto
de impossibilidade de comunicação total
ou integral entre indivíduos (BAKHTIN, 2010) - todos experimentados a partir das dissoluções
possíveis do corpo como teia, do corpo
próprio como possibilidade de leitura de subjetividade provenientes da fricção sujeito-mundo.
Pensamos que desta maneira, este olhar permite observar processos
de desenvolvimento individual decorrentes desta fricção e interação proveniente da relação eu-outro
proporcionados pelo ambiente cultural
em que ações simbólicas possam ser observadas. Abrindo-se diferentes
possibilidades de ser e estar em relação
aos outros, e com as coisas do mundo,
evidenciadas no processo criativo como potencializador, e forte
elemento para a tomada de consciência dos participantes selecionados
para a pesquisa, imbricados nesta malha do tecido social e cultural.
A
experiência artística se estabelece como forma privilegiada de criação e acesso
a subjetividade, a partir de experiências construídas individuais e
coletivamente por seus interlocutores possibilitando uma compreensão diversa
dos participantes no diálogo. Sendo a sociedade uma realidade ao mesmo tempo
objetiva e subjetiva, qualquer adequada compreensão teórica relativa a ela deve
abranger ambos estes aspectos (BERGER, LUCKMANN, 2003). O avanço que se coloca
atualmente na psicologia cultural é o desenvolvimento intensamente
internacional de novos tipos de abordagem, possibilitando uma nova ciência:
interdisciplinar, desenvolvimental e social (VALSINER, 2012). Desta forma a
experiência dinâmica do sujeito inserido em um mundo de múltiplas
possibilidades vem a ser abarcada de maneira igualmente dinâmica e aberta a
estas novas direções. O campo de estudos proposto pelo Construtivismo
Semiótico-Cultural em psicologia - tendo como uma de suas características
fundamentais o caráter interdisciplinar - contribui amplamente em novas
abordagens procedimentais e metodológicas (GUIMARÃES, 2012) para a psicologia.
2. Contextualização Teórica
A
esfera da contemporaneidade, da vida cotidiana é observada em sua intersecção
com a interpretação que fazemos da realidade, filtrada pela narrativa, pela
mediação da linguagem, pela percepção e expressão como aponta a fenomenologia
sociológica de Berger e Luckmann (2003). Para isto, como exercício de
transposição, procurei estabelecer um paralelo entre processo de construção da
narrativa dos sujeitos, e ou, da vida cotidiana e a construção do ator e/ou,
interpretação cênica com vistas a experiência do ser no mundo e autoconstrução.
Conforme o objetivo geral da pesquisa, que procurou compreender os processos
dos participantes das atividades do Programa Vocacional, daquilo que lhes
permite perceber, interagir e ressignificar o universo cultural e afetivo ao
qual estão em relação, aproximando-se uns dos outros por meio da invenção de
objetivos comuns, proporcionados pela experiência estética e construção
simbólica de sentidos.
Se
é verdade que tendemos a assumir um “papel” frente a nossa realidade cotidiana,
e efetuar tal re/construção de nós mesmos a partir dos relatos que construímos
sobre nossas próprias histórias em um processo semelhante ao que fazem os
atores, observar a maneira de criação dos discursos retirados da realidade e
trabalhados no teatro, podem conduzir a uma perspectiva inspiradora para a
compreensão do próprio ser no mundo, partindo de sua própria existência, afim
de perceber reverberações implicadas no processo artístico.
A
constituição dos sujeitos esta atrelada a maneira com a qual constróem sentidos
sobre as ações interativas, formando sua consciência no processo de
interiorização de discursos preexistentes, atualizados nas continuas e
permanentes interlocuções de que vão participando. As relações intersubjetivas
e dialógicas estariam sujeitas neste processo interativo a uma tendência de
criarmos consenso porque tais relações aparecem como baliza de interação
simbólica (SIMÃO, 2010). Conforme sugere Simão (2010), cada sujeito em
interação transforma ativamente as mensagens comunicativas recebidas do outro,
tentando integrá-las em sua base cognitivo-afetiva (SIMÃO, 2010). Partir do
pressuposto que o ator pode ser um meio de experiência empírica para
percebermos tanto, processo de simultânea ressignificação do discurso do outro,
quanto a tendência humana de criar um campo de consenso nas interações foram um
dos disparadores para a construção desta pesquisa.
Se
partirmos do pressuposto que o texto é um outro, a priori uma alteridade
agindo dialogicamente no corpo do ator; por via de dois processos dialógicos:
heterodialógico (com outros, incluindo outros imaginários) e o autodiálogo
(dentro do próprio self). Estes domínios intrapsicológico e interpsicológico
(VALSINER, 2012), podem ser observados no fenômeno artístico e serem discutidos
e observados dentro de um campo de construção partilhável, que pode ser
explorada como material de estudo em Psicologia. A natureza irrepetível da
criação artística pode ser observada sob esta a ótica da retroalimentação e
transformações oriundas de nosso diálogo com os outros (texto) e conosco mesmos
(criação). O ponto de vista escolhido para o trabalho do intérprete é que o
ator “empresta” suas emoções ao personagem, o texto cênico também se origina
das próprias ações do ator dentro das circunstâncias da cena, da dramaturgia,
prevalecendo o critério geral da criação, o ‘se’, gerado a partir da pergunta o
que eu faria em tais circunstâncias.
O self não está apenas “aqui”, mas também “lá”,
e, devido ao poder da imaginação, a pessoa pode agir como se ele ou ela fosse o
outro. Eu construo uma outra pessoa que eu posso ocupar e uma posição que cria
uma perspectiva alternativa sobre o mundo e sobre mim mesmo. (HERMANS, KEMPEN,
E VAN LOON, 1992, p. 25).
Compreendemos
que o self dialógico na perspectiva proposta por Hermans, evidencia um
inquietante espaço para a construção de novos saberes, que podem ser provocados
pelo contato empírico do fazer artístico ao fenômeno de constituição do ser no
mundo, no tocante às características de subjetividade de suas interações
verbais, provenientes das noções de consenso-dissenso, e acomodação e
diferenças dos discursos e suas formas de assimilação (SIMÃO, 2010). O diálogo
aqui proposto com as artes pode contribuir com reflexões sobre o lugar da
corporeidade e/ou, do corpo próprio como referencial simbólico para construção
de identidades e alteridades.
O
corpo articula experiências ligadas ao afeto e à memória na construção
artística, a atividade mnemônica se dá na sua prolongação com o presente, dada
na experiência atual (Hermans, Kempen, e van Loon, 1992). Em parte, a atividade
mnemônica consiste em todos os conteúdos detalhadamente registrados,
armazenados pelos sentidos e selecionados pelos afetos: a memória em sua
acepção clássica, como persistência do vivido. Mas ela também é criação quando
se coloca em atividade para responder as demandas do presente, oferecendo
combinações de impressões como sínteses mais ou menos prováveis ou
criativamente possíveis para a solução das questões (HERMANS, 1999), que também
encontra paralelo na clássica figura do cone invertido, o cone Bergsoniano, em
que a boca grande é o caldeirão das lembranças [imagens virtuais] que vai se
estreitando, pressionado, rumo ao plano do presente, em que se apóia o vértice
(BERGSON, 2006).
Tais
experiências artísticas, passam a existir e ressignificar processos na vida
cotidiana, com o enfoque artístico poderemos observar sua capacidade de
comunicar significados que não são expressões diretas da subjetividade
"aqui" (de meu corpo) e "agora" (do meu presente), quer
dizer, da realidade da vida cotidiana. Mas, também obter a experiência de
assuntos que não fazem parte do "agora", que não foram experimentados
ou sequer vistos. A linguagem de uma forma geral tem a capacidade de guardar
acumulações de significados e experiências, prevendo e transmitindo essas
experiências às futuras gerações. Tal fato ocorre pela transcendência da
linguagem que se destaca do presente, indo ao passado; ela pode "tornar
presente uma grande variedade de objetos que estão espacial, temporal e socialmente
ausentes do aqui e agora" (BERGER & LUCHMANN, 2003, p. 59).
3. Programa Vocacional -
Ceu Casablanca (Capão Redondo Zona Sul - Sp)
A
pesquisa foi feita a partir de uma leitura da Psicologia Cultural em sua
vertente Semiótico-Construtivista do trabalho artístico desempenhado no projeto
de ensino de artes do Programa Vocacional da Prefeitura Municipal da Cidade de
São Paulo. Trata-se de um programa cultural que se apóia no diálogo entre
teoria e prática, no qual conceitos ligam-se constante e circunstancialmente a
realidades em transformação. Para tanto, propõe a instauração de processos
criativos coletivos baseados na tríade fundamental das artes cênicas: elementos
da cena, tessitura cênica e recepção da obra.
O
Programa Vocacional é composto pelos Projetos ARTES INTEGRADAS, MÚSICA, TEATRO,
DANÇA, LITERATURA, VOCACIONAL APRESENTA E ALDEIAS, e acolhe pessoas com idade
igual ou, superior a 14 anos, com a finalidade de promover a ação e a reflexão
sobre a prática artística, a cidadania e a ocupação dos espaços públicos da
cidade de São Paulo. Com uma equipe de coordenadores e artistas orientadores,
atua preferencialmente em equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura e da
Secretaria Municipal de Educação em zonas periféricas da Cidade de São Paulo.
O
Programa Vocacional não visa o desenvolvimento técnico e a detecção de
talentos, mas pretende a emancipação por meio do trabalho artístico-pedagógico,
o que se dá não como um atributo individual, mas como o conhecimento adquirido
por meio de uma prática coletiva.
Nesse contexto, emancipação é produção de processos de subjetivação.
Considerando como subjetividade um conjunto de condições nas quais indivíduos
e/ou coletivos estejam em posição de emergir como território existencial,
capazes de estabelecer relações de alteridade, abrindo a possibilidade de serem
sujeitos de seus próprios atos e processos. A palavra vocação, do verbo vocare
é aqui entendida como dar voz aos seus participantes por meio da expressão
artística, pretende-se que todos busquem uma participação ativa e consciente em
suas práticas, conceitos, procedimentos e escolhas relacionadas ao discurso
poético produzido individual e coletivamente.
A
pesquisa foi realizada com os registros de atividades realizadas com uma turma
de iniciantes e dois grupos amadores de teatro no equipamento da prefeitura
municipal de São Paulo, CEU CASABLANCA[1],
um complexo educacional, esportivo e cultural de caráter público.
4.
Da Caracterização dos participantes, periodicidade de encontros e Procedimentos
para a elaboração do material:
O
material analisado consistiu na leitura dos protocolos confeccionados ao longo
dos encontros, como registro do processo. A faixa etária dos participantes
neste atual momento da escrita do texto é entre 16 anos e 30 anos. As
atividades do Programa Vocacional acontecem uma vez por semana, o encontro tem
3h. de duração, normalmente aos domingos. A atividade do Programa Vocacional,
compreende 8 meses por ano, com encontros semanais de 3h cada, atuando necessariamente
em equipamentos da Prefeitura da Cidade de São Paulo em zonas periféricas, o
oferecimento das atividades é livre para interessados a partir de 14 anos e
gratuito.
Com
a presente pesquisa procurei compreender como a produção artística ressoa e
ressignifica a vida cotidiana dos participantes, interpretando esses dados a
partir de um diálogo entre concepções oriundas do Construtivismo
Semiótico-Cultural em Psicologia e as Artes Cênicas. A análise dos protocolos
produzidos pelos próprios participantes, relacionada as experiência artísticas
disparadoras, proporcionaram um rico material de análises dialógicas, permitindo observar a
natureza intrínseca e polissêmica do fenômeno, as possíveis articulações com
eixos de interesse que orientam a transformação do material em dados (VALSINER,
2006).
Por
intermédio da análise e exposição dos “Protocolos” (registros do processo),
escritos pelos participantes ao longo dos encontros, que aprofundaremos no
próximo capitulo. A expectativa é que se aponte por meio desta análise, uma
possibilidade de visualizar os pontos em que obra e vida tornam-se um mesmo ato
criativo, com o olhar e percepção em relação ao que já está ali, ao que já
existe no mundo, que interfere na leitura que fazemos do mundo, descortinando
novas possibilidades e recriações de uma realidade fragmentada e multifacetada
que se constrói e reconstrói a medida que a significo.
5. A Dinâmica dos Encontros
Em linhas gerais, a proposta
metodológica para a atividade teatral da qual se fala aqui costumava ser
emoldurada pela seguinte “rotina” ou “ritual”: (1) Limpeza e preparação do espaço. (2) Círculo inicial de discussão –
quando o protocolo da sessão anterior era apresentado e assim definiasse o
participante que se responsabilizava pela redação do protocolo daquela sessão,
neste momento incial eram colocados questionamentos referentes aos
encaminhamentos do processo, leituras de materias de referências também eram
comuns neste momento do encontro, tais como: Filosofia, Literatura, Poesia,
etc.; (3) Proposição e delimitação da área de trabalho; (4) Divisão de
grupos/equipes, execução dos jogos/exercícios/ experiências artísticas, dados a
especificidade do encontro; (5) As propostas para a atividade teatral foram
emolduradas pelos sistemas e inspiradas em Peter Brook, Yoshi Oida e
método do Ator de Antunes Filho. (6) Avaliação e apreciação coletiva,
simultâneas as experiências cênicas (exercícios), e ou, apresentação de cenas,
monólogos e montagens; (7) Circulo de
discussão para o encerramento dos trabalhos do dia. Os encontros se davam em
duas vezes por semana, cada encontro tinha 3h. de duração, no entanto, era
bastante comum as atividades se estenderem para além das 3h. iniciais.
6. Possibilidades de um gênero discursivo - Sobre
o Protocolo
A escrita ou, registro dos encontros por
intermédio do Protocolo, foi adotada durante todo o processo
artístico-pedagógico. Nos permitindo um instrumento de avaliação do processo
vivido utilizado na metodologia de ensino-aprendizagem, compreendido como um
conjunto coerente de signos (BAKHTIN, 2010), produzido a partir da experiência
vivida no encontro anterior, por um dos participantes do grupo. O protocolo é a
possibilidade da partilha de uma perspectiva singular do encontro anterior,
feita por um dos participantes e lida no inicio do encontro seguinte. Ou seja,
esta metodologia se vale de dois momentos distintos: o primeiro individual onde
é feita a escrita do texto e, o segundo momento quando este é compartilhado com
o grupo e discutido. A característica deste relato esta ligada a uma experiência
prática, pois sua escrita vincula-se a experiência sensório-corporal pertinente
a prática artística do fazer teatral. Pode relacionar-se mas, não se limita a
uma contextualização teórica apenas, é um jogo de imbricamentos da experiência
e construção de sentidos que aparecem nas reflexões.
O texto do protocolo é primordialmente escrito,
mas pode referir-se através de outras linguagens como: cenas, vídeo, música,
fotografia, dança, desenho, canto, jogo, enfim é a manifestação de uma ideia
provocada pelo evento do encontro ocorrido com o grupo do fazer teatral numa
determinada data.
Em nosso caso nos valemos sobretudo, do
protocolo escrito que poderia ser também acompanhado de outras formas de
significação da experiência. O protocolo
como texto escrito, pode ser compreendido pelo pensar de BAKHTIN (1999) como um
ato de fala impresso é, portanto, um elemento da comunicação verbal. É ainda,
objeto de discussões ativas sob a forma de diálogo e, além disso, é feito para
ser apreendido de maneira ativa, para ser comentado e criticado. É orientado em
função de intervenções anteriores na mesma esfera artística do teatro, tanto as
do próprio autor como as de outros autores participantes do grupo.
O discurso escrito é parte integrante de uma
discussão, ele responde a alguma coisa, refuta, confirma, antecipa as respostas
e objeções potenciais, procura apoio, motiva a criação no processo vivido.
Segundo Koudela (2001), o protocolo aponta para o futuro, funciona como uma
mola propulsora no movimento da criação artística teatral.
7.
Considerações finais
Diante de constatações,
pesquisar o campo dos afetos implica evitar tentativas ingênuas de acesso
direto ao fenômeno, por meio de abordagens lineares de pesquisa. Implica,
portanto, explorar novos caminhos, quiçá inspirados pela arte, que permitam
um aprofundamento qualitativo sobre a inesgotável complexidade humana. (WORTMEYER, D. & SILVA, D. & BRANCO, A., 2014,
p. 42).
De fato, a história da psicologia
como disciplina cientifica revela-nos múltiplas tendências e uma imensa
variedade de trajetórias-metodológicas no sentido de promover a produção do
conhecimento (BRANCO & ROCHA, 1998), e deste modo, o contato com a
atividade artística nos convida a proposição de novas formas de abordagens
teórico-metodológicas em Artes Cênicas, onde podemos perceber fundamentalmente
a importância do cotidiano, do debruçar-se a experiência, e as oportunidades
que o trabalho da experiência artística podem proporcionar. No sentido, de ir
transformando o sujeito, criando uma série de dispositivos para uma leitura
mais complexa de si mesmo e do mundo. Transformando este em um outro. Ou,
possibilitando perceber os outros que lhe compõe.
Sob a perspectiva que
procuramos abordar, a experiência motora do corpo, antes de ser do campo de
conhecimento, é comunicação com o mundo, da presença de um mundo, do modo como
as coisas constituem-se para nós. Depreende-se como característica principal do
desenvolvimento a noção de processo, de dinâmica e transformação de um sistema
aberto (organismo) em continua interação com o contexto em que se insere
(BRANCO & ROCHA, 1998).
Selecionamos
alguns trechos produzidos em protocolos de maneira espontânea, ao longo
dos encontros. Tratam-se devemos lembrar de artistas jovens (participantes da
pesquisa) que descortinam esta existência a partir da experiência estética. Fazendo
uma entrevista com alguém que lhe interessasse e posteriormente o material
transformado em um texto, um monólogo. A idéia não era propor uma grande
dramaturgia, ou que se criasse uma expectativa com as respostas, mas,
fundamentalmente propor uma experiência de Escuta, no mais dos dias, hoje cada
vez mais atravessados pela falta de tempo. Nesse tempo em que ninguém tem tempo
para ter tempo, a delicadeza de uma vida parece ter sido relegada à ficção. No
trabalho artístico podemos ouvir nos interstícios desta loucura aquilo que
chamamos Vida. É o próprio artista ocupado em sua ficção que nos relembra e
convida ao sentir, natural que ao nos depararmos com tais trabalhos literários,
plásticos, nos enternecemos ao testemunhar sutilezas que esquecemos de
enxergar, ou, não somos capazes de enxergar nos nossos dias de autômatos.
Os sujeitos se
constituem como tais nas ações interativas, formando sua consciência no
processo de interiorização de discursos preexistentes, atualizados nas
continuas e permanentes interlocuções de que vão participando. A história
vivida é o resultado de um projeto que é fornecido pela coexistência com os
outros (MERLEAU-PONTY, 1999). Realizar esta nova condição de Escuta do outro e
de si mesmo, é fruto de um processo, não só reflexivo, mas experiencial, que se
oportuniza a partir da fricção entre “corpo existencial” e “corpo estético”, ou
seja, “vida real” e “vida criativa”, e a partir desta fricção novas camadas vão
sendo geradas, percebidas e acessadas, permitindo uma tomada de percepção cada
vez mais complexa do fenômeno da vida e suas possibilidades de experiência.
Nos coloca em
um estado de atenção que nos obriga a construir sentido com aquilo que temos de
conhecimentos prévios, muitas vezes este contato silencioso torna-se uma
conversa com múltiplos sentidos e associações que podem ir agindo nesta relação
eu-outro, transformando mutuamente os sujeitos em contato. Os diferentes “Eu’s”
que habitam um mesmo sujeito, divergem entre si e nesta relação vão
constituindo a cada momento novas perspectivas de olhares.
Paramos diante do estranho
para ouvi-lo. Reconhecemos o que nos chega, não necessariamente como nosso, mas
que poderia ser. Essa incerteza quanto a nossa presença no mundo permite que
nos aproximemos de tal modo da vida do outro que já não possamos friamente
separá-la da nossa.
Ao ficarmos diante da
história de um ser humano, consentimos antes de tudo para que a vida se faça;
olhamos em seus olhos e deixamos que as memórias, imagens passem ‘entre
vistas’. É um momento de apoteose, desses de que a vida é feita e para os quais
é preciso que existamos.
Talvez passemos cada um de
nós nossas vidas em nossos caminhos individuais, buscando entender o todo ou
mesmo já desesperançados de achar respostas, quando, como num encontro de notas
alta e baixa, criamos um movimento harmônico: notas tão distintas e distantes
se encontram e percebem estarem dentro de uma malha maior, um pano não-plano em
que as regras aprendidas em vida não necessariamente funcionam ou são precisas,
pois sentimos que somos parte de uma obra grandiosa em que nossos corpos tão
simples propagam ondas sonoras, cada uma em seu tom, umas de tão mínima
frequência, pianinhos, outras quase estrondos, metais pesados – tudo para que
se forme o grande coro consonante, de movimentos ora uníssonos ora dissonantes,
que seguem-se numa ordem própria e nos levam sempre adiante, a um espaço e tempo
desconhecidos que, para que se mantenha a ordem, não nos cabe saber. (Renier Vasconcelos, 16 anos – 29.09.2013, participante
da pesquisa).
É importante
observar nos dois textos a separação e amadurecimento dada pela experiência
dilatada no Tempo. Certamente outra noção que nos inquietava resultante
a experiência estética, é como podemos percebe-la ampliando condições de
leitura, escuta e compreensão do mundo? Parte do objetivo era trazer à luz o
campo da criação artística como analogia da construção sensível do ser humano,
e por conseguinte, a constituição de sua visão de mundo. O trabalho aprofundado de leitura do texto com vistas
a destrinchar camadas mais densas de seus significados, gera uma via de mão
dupla, ao investigar as palavras do outro a partir do colocar-se na situação e
emprestar suas emoções para dar vida as palavras ditas por outrem, o artista
reflete sobre suas próprias emoções e abre espaço para novas dinâmicas
afetivas, oportunizadas pelos universos e significados da experiência do outro.
Um ano depois
amparado pela experiência no corpo de construção da “personagem” o mesmo
participante reflete sobre seu processo:
Gostaria de compartilhar
minha experiência com o meu texto, com a minha personagem; uma experiência da
criação/entendimento da
pessoa/personagem. É certo que para entendermos um indivíduo da maneira
mais próxima do que chamemos verdadeira, é preciso nos confundirmos com ele,
num momento de experiência. Por isso, acredito que não havia ainda tido este
entendimento, mesmo que não total, da minha entrevistada desde que houve o
encontro. De uma certa forma, entendi a situação intelectualmente, sabia que se
tratava de uma existência muito delicada. Mas a oportunidade, ou
disponibilidade de aproximar-me dela não houve, e por vezes deixei que se
confundisse a mulher que um pouco conheci com o que se esperava que ela, imersa
na superficialidade, fosse.
Mas eis que houve a
ocasião. E em reconhecimento, cada palavra de seu discurso saía-me tirando dor.
Em poucos segundos, em meio a uma rua movimentada, uma obra em construção, o
monumento dos Correios, São Paulo, seus olhos já molhados. A emoção só esperava
que fosse chamada, e então se mostra nas palavras-desculpas: “é normal, é
normal”; há de ser, pois se não for... – se não fosse; é normal. Uma mulher, e
seus filhos.
Agora, dou expressão ao seu
grito surdo de denúncia e socorro.
Simbolicamente, a salvo. A
salva, a Arte. (Renier Vasconcelos[2],
17 anos – 20.07.2014, participante da pesquisa).
Com
a observação mais atenta deste processo de elaboração de sentidos por parte do
participante, se mostra imprescindível as considerações fenomenológicas
implicadas em experiência do ser imanente através do corpo e do estar das
coisas no mundo (MERLEAU-PONTY, 1984), e o corpo-criação-movimento (OITICICA,
2011). Propõe um processo dinâmico, criação de sentidos pelo ato corporal, traz
consigo a transformação do próprio espaço, e a maneira que as experiências
constróem e ressignificam experiências,
que consideram as contribuições de uma experiência conjunta de
construção de identidades e alteridades. Para se aproximar por
outras vias de ver as coisas como o outro as vê, deve-se desenvolver um
pensamento heterológico, ou seja, interromper a percepção de mim mesmo e ver as
coisas do ponto de vista do outro (o “SE” stanislaviskiano) e dos outros que
residem e pedem passagem em mim.
Quando a palavra é escassa
na dramaturgia, as imagens expõem aos espectadores os conteúdos mais profundos,
o silêncio passa a ter condições objetivas de se comunicar, a relação artística
proporciona o campo da visualidade, os silêncios outrora incomunicáveis e até desconhecidos,
tornam-se expressão artística da pessoa que o elabora. A poesia é palavra
poética, é campo relacional, é a possibilidade de transpor o campo da
significação imediata, do sentido absoluto. As cores tornam-se outras em
relação à obra de cada artista, todos estão hierarquizados por suas inéditas
existências e pelas ressonâncias que alcançam na intersubjetividade.
A experiência
artística de introjetar um texto, e relacionar-se com este de maneiras outras,
na atividade de criação do ator, nos possibilitou perceber a colaboração da
fala aliada a experiência prática de contato com a obra de arte (VYGOTSKY, 2007).
Percebemos ao longo dos encontros que uma via para está forma de conhecimento,
é a possibilidade efetiva e atuante que se faz de dentro e com a práxis
da vivência intencional (MERLEAU-PONTY, 1984), ter ciência desta possibilidade
de intervenção no mundo pode proporcionar àqueles que participam do fenômeno
artístico novos mundos possíveis.
Algo primordial
é a relação entre o que nos é conhecido e o “estrangeiro”, a relação entre
conhecimento e ignorância, certeza e incerteza. Processos de destradicionalizar
e individualizar vidas, diferenciação e globalização, fazem com que muito de
nossa vida diária, que por um lado se pressupõe, seja colocado em dúvida,
pedindo mais reflexão e decisão individual (WULF, 2013).
Uma
possibilidade para se ter uma atitude aberta para o Outro talvez seja estar consciente de si mesmo, enquanto Ser em
constante transformação, reformulação e ressignificação. O confronto com outras
possibilidades, com o outro em nossa própria cultura e com o estrangeiro em
nossa própria pessoa, nos ensina a perceber e a pensar do ponto de vista dos
outros. A mudança de perspectiva evitaria que reduzíssemos sem pensar o
“estrangeiro” ao que nos é próprio (SIMÃO, 2010). Desta forma, poderíamos em
sugestão poética dizer que os processos artísticos gestam em si mesmos as
“dores do parto”. Do perceber o outro em seu próprio organismo, “estar
gravido do papel”. Nesta perspectiva o que seria um jovem defrontar-se com
um outro que torna-se estrangeiro dentro de seu próprio corpo?:
A vida é feita de fantasia.
O objetivo da arte talvez seja juntar toda essa fantasia, e torná-la realidade.
Todos os dias passam por mim, mas alguns me deixam com hematomas. Manchas azuis
que doem por dias e quando curam, são lembranças. Eles me marcam, se tornam
vida, e após a mim se tornam minhas memórias. Eu não sou um homem, sou
experiências, me torno o que sou e sou o que fui e o que não serei. Sou
saudade. Sou um homem que sofreu a perda de todas as possibilidades, sou quem
perdeu os sonhos, que teme a realidade. Quando me dilato sou um só, mas encubro
todos, sinto a dor de todos, sou Renata. Meu corpo corrompia minha alma, mas em
uma revanche de vergonha, minha alma corrompeu meu corpo. E eu voei, fui para
mim o que nunca fui para ninguém, fui para meu encontro e ao me ver, chorei.
Dentro de mim há todos os sentimentos, como há dentro de você pedaços de mim e
dentro de mim, você. Ouço seu choro, sinto sua dor, não te sinto, mas estou
contigo em todos seus momentos de luta. Não sei como é estar preso dentro de si
mesmo, mas ouço seus pensamentos, sinto o cheiro das suas mágoas. Esta água
salgada que queima minha pele é saudade. Minhas moléculas se chocavam e se
afastavam. Eu te sinto vibrar e transbordar palavras, estas que escorriam pelo
meu rosto, que mancharam minha pele, essas que você nunca me disse e talvez
nunca tenha dito a alguém, mas sei que você são elas e elas são você em sua
maior plenitude, mesmo que nunca ditas estavam explodindo por seus olhos e queimarão todos os que te olharem como é,
uma mulher. (Elvis Torres,[3]
18 anos – 14.09.2014, participante da pesquisa).
As proposições oriundas de Vygotsky, sugerem que a personalidade, ou, a
visão de mundo se constitui nesta fricção de reposicionamentos do ser diante
dos conflitos que caracterizam o drama da existência, os quais resultam em uma
configuração dinâmica e singular. “Dentro de mim há todos os sentimentos, como há dentro
de você pedaços de mim e dentro de mim, você. Ouço seu choro, sinto sua dor,
não te sinto, mas estou contigo em todos seus momentos de luta”
O que podemos perceber é que na atividade artística, nos modos a que esta foi
trabalhada ao longo da pesquisa, esta elaboração de sentidos compreende, o
afeto, os sentimentos e as emoções como constitutivos da personalidade e das
funções psicológicas superiores (VYGOSTSKY, 1990).
O trabalho teatral, abordado nesta pesquisa evidenciou possibilidades,
conforme aponta (VYGOTSKY, 1990) que o corpo pode ser agente de retroalimentação
no campo da ativação estética, o corpo que atua pode ir além das
macro-percepções e se deixar levar pelas forças do inconsciente. Ao
experimentar-se em novas práticas, transduzindo a experiência poética da obra
em si mesmo, o artista produz desvios e rupturas a modos anteriores e provoca
outras resoluções, no alargamento de seus movimentos, gerando os chamados reposicionamentos do ser diante dos
conflitos, os afetos são parte inextricável do criador-criatura que já
não mais necessita dividir realidade e ficção e apenas experiência neste
novo-corpo-ação uma possibilidade outra de (re)exisitir.
Nesse sentido, uma certa
noção de identidade é atravessada pela experiência do outro que não é meu
limite externo, mas a experiência através da qual eu posso me totalizar. Assim,
se a experiência do corpo consigo mesmo, é um visível capaz de reflexão,
propaga-se na relação entre ele e as coisas, por extensão, expande-se na
relação entre ele e outro corpo. Nesse contexto, interior–exterior, corpo-obra,
artista-espectador, mesmo-outro, são dualidades que o pensamento dialógico aqui
proposto, procuraram considerar para pensar o enigma do envolvimento recíproco
do que vê e do que é visto, da impossível coincidência consigo mesmo do vidente
e do visível, do advento do mesmo à prova do outro.
Em caminhos im/permanentes.
Em caminhos de Mistérios.
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Hercules
Morais
Ator, professor e pesquisador Multidisciplinar.
Licenciado em Filosofia e Artes Cênicas. Membro fundador do Núcleo de Artes
Cênicas (NAC), que tem como foco a pesquisa do trabalho do ator no teatro
contemporâneo. Em diálogos interdisciplinares investiga a relação entre Artes
Cênicas e Psicologia Cultural Dialógica, afim de evidenciar disparadores
significativos de processos criativos. É bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brasil.
[1]
Centro Educacional Unificado CASABLANCA, localizado no Jd. São Luiz (Capão
Redondo - Zona Sul/SP)
[2] Renier
Vasconcelos construiu seu texto-monólogo em entrevista realizada com uma garota
de programa.
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