quarta-feira, 19 de novembro de 2014

VOCACIONAL DANÇA 2014 - CEU TRÊS LAGOS


Os lagos e as ondas (sonoras).




Os lagos em questão localizam-se no Jd. Três Corações, região sul de São Paulo. Neles, uma grande embarcação se fixou e abriga a maior estrutura naval/artística dos marinheiros que residem por lá. Contudo, a ponte que leva os marinheiros à embarcação ainda é precária e, quem a enxerga, receia se aventurar. Vamos observar estes aventureiros.

Me deparei com mais de 50 marujos em busca de algo em comum – o movimento destes lagos. Esses marujos me perguntaram logo no primeiro encontro: o que é essa tal de dança vocacional, isso dá peixe?
Para responder a pergunta, nos direcionamos ao local que mais nos interessava naquele momento – o corpo água.

Combinamos que não usaríamos nenhuma carta naval existente e que apenas usaríamos a bússola das perguntas para nos guiar na embarcação/dança, decidimos costurar as velas rasgadas e usar os remos quando necessário, mas contaríamos, essencialmente, com a ajuda dos ventos.
Entramos no convés, mas não só das ondas do mar nossa navegação estava exposta.

As ondas nos Jd. Três Corações não se mostraram apenas na imagem dos lagos que os nomeia, outras ondas chamaram nossa atenção: as dos rádios comunicadores. Quase como uma equipe sentinela – aquelas dos filmes de ação, o capitão do navio e os tripulantes transportavam suas vozes por esses equipamentos diariamente e articulavam os lagos por essas ondas.  As tais ondas dos rádios faziam de tudo, limpavam salas, preparavam o lanche, instalavam equipamentos e autorizavam sua entrada no navio, essa última, residia na ponte precária que havíamos comentado, ela imprimia, ou não, seu direito de navegar - mesmo sabendo que navegar é preciso, parafraseando Fernando Pessoa.

Notamos que a tripulação que habitava o navio tinha um exercício peculiar de navegação, o de navegar sobre as ondas sonoras e apenas flutuar sobre as ondas do mar.  Talvez também porque a ponte quebradiça não permitia que os marujos do entorno conseguissem ou se encorajassem investir suas vidas naquela embarcação, mas algo havia de ser repensado, afinal, se somente as ondas dos rádios se mantivessem em primeiro plano, de que forma os marujos as usariam como meio de transporte?

Neste cenário de aquosidade sonora, chegamos a conclusão de que tínhamos duas tarefas pela frente: a primeira, gradativamente construir uma ponte íntegra e que encorajasse sua travessia; a segunda, firmarmos medidas de reaprendizado do uso das ondas do mar, do fluxo, da correnteza e, sobretudo, da solubilidade das questões.


Nos encontramos hoje no meio desse processo, com os pés úmidos e com o corpo em movimento.





AO Maercio Maia

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