VOCACIONAL DANÇA 2014 - CEU TRÊS LAGOS
Os lagos e as ondas (sonoras).
Os lagos em
questão localizam-se no Jd. Três Corações, região sul de São Paulo. Neles, uma
grande embarcação se fixou e abriga a maior estrutura naval/artística dos
marinheiros que residem por lá. Contudo, a ponte que leva os marinheiros à
embarcação ainda é precária e, quem a enxerga, receia se aventurar. Vamos
observar estes aventureiros.
Me deparei com
mais de 50 marujos em busca de algo em comum – o movimento destes lagos. Esses
marujos me perguntaram logo no primeiro encontro: o que é essa tal de dança
vocacional, isso dá peixe?
Para responder a pergunta, nos
direcionamos ao local que mais nos interessava naquele momento – o corpo água.
Combinamos que
não usaríamos nenhuma carta naval existente e que apenas usaríamos a bússola
das perguntas para nos guiar na embarcação/dança, decidimos costurar as velas
rasgadas e usar os remos quando necessário, mas contaríamos, essencialmente,
com a ajuda dos ventos.
Entramos no
convés, mas não só das ondas do mar nossa navegação estava exposta.
As ondas nos
Jd. Três Corações não se mostraram apenas na imagem dos lagos que os nomeia,
outras ondas chamaram nossa atenção: as dos rádios comunicadores. Quase como
uma equipe sentinela – aquelas dos filmes de ação, o capitão do navio e os
tripulantes transportavam suas vozes por esses equipamentos diariamente e
articulavam os lagos por essas ondas. As
tais ondas dos rádios faziam de tudo, limpavam salas, preparavam o lanche,
instalavam equipamentos e autorizavam sua entrada no navio, essa última,
residia na ponte precária que havíamos comentado, ela imprimia, ou não, seu
direito de navegar - mesmo sabendo que navegar é preciso, parafraseando
Fernando Pessoa.
Notamos que a
tripulação que habitava o navio tinha um exercício peculiar de navegação, o de
navegar sobre as ondas sonoras e apenas flutuar sobre as ondas do mar. Talvez também porque a ponte quebradiça não
permitia que os marujos do entorno conseguissem ou se encorajassem investir
suas vidas naquela embarcação, mas algo havia de ser repensado, afinal, se
somente as ondas dos rádios se mantivessem em primeiro plano, de que forma os
marujos as usariam como meio de transporte?
Neste cenário
de aquosidade sonora, chegamos a conclusão de que tínhamos duas tarefas pela
frente: a primeira, gradativamente construir uma ponte íntegra e que
encorajasse sua travessia; a segunda, firmarmos medidas de reaprendizado do uso
das ondas do mar, do fluxo, da correnteza e, sobretudo, da solubilidade das
questões.
Nos
encontramos hoje no meio desse processo, com os pés
úmidos e com o corpo em movimento.
AO Maercio Maia
Marcadores: ceu Três lagos, Dança
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