domingo, 23 de novembro de 2014

A Pesquisa Ação nos Espaços de Atuação

“Os gestos da vida cotidiana, quando vistos como inexoravelmente conectados com um espaço, têm o potencial de criar, renovar e rejuvenescer os locais em que vivemos" (Charles Schwall)

Casa de Cultura Cora Coralina
Artista Orientadora: Rosana Antunes
          
A pesquisa-ação na linguagem artes visuais do Programa Vocacional na Casa de Cultura Cora Coralina proporciona através de experimentações a participação e desvelamento da realidade e sua efetiva transformação pela ação, começando pelo espaço em que ocupamos.
Nos encontros acontecem muitas experiências e ações que revigoram os Vocacionados e o Artista Orientador. Aprendemos a desacelerar e deixar que os acontecimentos e situações influenciem a maneira em que os nossos espaços são usados. Os jovens se apropriaram dele, o vivenciam e encontram seu lugar dentro dele. No ritmo do cotidiano acontecem as conexões entre o tempo e espaço, experiências passadas se voltam para o futuro. Habitamos nossos espaços e fazemos a diferença em nossas rotinas. Recriamos este espaço a cada dia e encontramos o significado deste lugar.
 Chamamos este espaço de Ateliê, o qual é formado por elementos, cada um com sua identidade, propósito e possibilidades. São partes individuais que criam o todo, um universo estimulante que convida a interações. É um ambiente que permite possibilidades para pesquisas e experiências. Nele nós testamos coisas, experimentamos, temos liberdade para pesquisar coisas, as quais conhecemos ou não temos nenhum conhecimento.
 Pensar a ação do Artista Orientador requer analisar as condições objetivas nas quais elas ocorrem. O espaço das instituições culturais nas quais o Programa Vocacional atua é um dos elementos de sustentação da práxis pedagógica e sua organização indica inúmeros elementos, tais como: condições objetivas para efetivar as propostas em relação aos vocacionados.    
Quando se propõe a utilização de linguagens artísticas, os resultados das explorações vinculam-se à organização dos espaços em relação ao projeto a ser efetivado. A preparação do espaço vinculado à proposta para a ação potencializa o processo de experimentação de troca.
A concepção estética e de arte vinculada ao cotidiano de todos pode ser identificada com a Bauhaus. Entre 1919 e 1928, impregnou com suas ideias, movimentos posteriores nas artes em geral, na arquitetura e na educação artística desenvolvida em escolas, além de outros segmentos expressivos. Um dos mestres da Bauhaus, Moholy-Nagy afirmou:

Todo mundo está equipado pela natureza para receber e
assimilar experiências sensoriais. Todo mundo é sensível
aos tons e cores, tem tato seguro e reage ao espaço etc. Isso
significa que, por natureza, cada um é capaz de participar de
todos os prazeres das experiências sensoriais, que qualquer
homem sadio, pode também tornar-se um musicista, pintor,
escultor, arquiteto, do mesmo modo que quando fala ele é
um orador. (apud Silveira, 1973, p. 246.)

         Esse movimento contagia e alarga a concepção de habilidade manual pura e simples para uma habilidade mais refinada, que consiste em desenvolver a consciência entre mente, olho e mão, o que pode, segundo seus integrantes, revelar as desarmonias do mundo e uma maior acuidade estética.
Dessa forma, proporcionar a expressão com as linguagens artísticas nos espaços culturais, deveria desencadear a experiência de usar materiais de diversas naturezas para a criação livre. Essa experimentação evoca os postulados de Pierce:

 [...] o artista seleciona elementos e sistemas visuais, combina
materiais e procedimentos técnicos, elabora – no campo da
obra de arte – significações capazes de intervir na cultura E, 
no coletivo, propicia descobertas: a criatividade humana, dirigida  à experiência de linguagem, dispõe-se ao conhecimento mais geral,
 compartilhado. (Rizolli, 2005, p.172).

          Essa abordagem poderia fazer parte das propostas no interior das instituições culturais, proporcionando a chance da escolha refletida, seja inicialmente pelo fazer empírico desencadeado pela própria experimentação dos materiais disponíveis, seja pelo aprofundamento de um projeto, com a pesquisa de formas e expressões artísticas.

Referências

RIZOLLI, M. Artista, cultura, linguagem. Campinas: Akademika, 2005.
SCHWALL, Charles. O ambiente e os materiais do ateliê. ARTMED: Porto Alegre, 2014.

SILVEIRA, N. A concepção educacional de Herbert Read. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, jun. 1973.






















































Link para o filme das ações na Casa de Cultura Cora Coralina









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