– ‘Terceira vez... a primeira vez’!
– ‘Terceira vez... a primeira vez’!
Por: Lenilson “Haysten”
P. Rodrigues
Vocacional Dança
1º ATO - A Chegada
Após dias e semanas de espera, o
edital de chamamento foi publicado no Diário Oficial e isso foi uma grata
notícia.
Era a quarta chamada.
Ao longo de uma extensa lista de
nomes, o meu era o último. O último a ser chamado. Porém, o único (entre três
artistas-orientadores procurados) a aceitar as condições estabelecidas para que
acontecessem as orientações.
Na chamada para as entrevistas,
estava na 28ª colocação. Uma boa colocação, tendo em vista que as cerca de
vinte primeiras posições são reservadas para os nomes aprovados na função de
Coordenação Artístico-Pedagógico.
Passada a entrevista e a análise
da carta de intenção tive uma surpresa muito grande ao ver meu nome na 73ª
posição na lista dos credenciados, principalmente por estar ciente de que fui
um personagem ativo nas edições anteriores do Vocacional Dança. De qualquer
forma, estava “dentro”. Estava inspirado. Estava motivado.
Ano de 2014. Meu terceiro ano no
Projeto Vocacional. Mais um ano de explorações, trocas, intercâmbio de
conhecimentos e união de movimentos. Conhecimentos esses adquiridos em
orientações anteriores, no Centro Cultural de M’Boi Mirim – onde foi minha
“morada cultural” por dois anos 2012 e 2013.
Apesar do terceiro ano de
vivência, senti que o ar soprava algo novo, ou melhor, TUDO novo. Novo
equipamento (CEU Parque Anhanguera), novo endereço, novos vocacionados, novo
jeito de me deslocar pela cidade. A novidade trazia-me outras inspirações. Fui
preparado para realizar meu trabalho dentro do desconhecido, mas seguro de que
os vocacionados e o NAC (Núcleo de Ação Cultural) tinham ciência dos princípios
do Vocacional Dança – a instauração do Processo Criativo Emancipatório.
Também estava com uma informação
nova na bagagem: segundo a Secretaria Municipal de Cultura, o CEU é um
equipamento organizado, mas tem limitações com relação à liberdade de atuação
do Artista-Orientador. Ao contrário da Casa de Cultura, que oferece uma
liberdade maior de atuação do AO.
Já com os pés dentro do
equipamento, fui muito bem recebido. A minha impressão inicial da equipe
diversificada foi positiva. Havia apoio de toda a equipe desde o início da
minha nova vivência. Também sou grato ao coordenador, que mostrou grande
conhecimento sobre a região e o equipamento, o que facilitou a minha chegada.
2º ATO – Pausa! O Desencontro
Um início animador: entre 12 e 15
vocacionados me aguardavam.
Logo veio o baque. Conflitos.
Contratempo social marcado pela greve dos motoristas e cobradores de ônibus,
que para mim, era interminável. Dias e dias perdidos.
Um longo hiato...
Ao retornar, encontrei um
equipamento vazio...
O tempo perdido, fruto da greve
dos ônibus, nos fez perder – eu e os vocacionados – muito mais do que as
orientações. Fez-nos perder o nosso encontro. Quem era eu e quem eram eles? Que
eles? Já não encontrava mais aquele grupo de vocacionados, cujos nomes eu havia
anotado em minha lista de frequência. Havia cerca de cinco vocacionados. Tudo o
que me restava foi se perdendo ainda mais por mais uma ação externa: a Copa do
Mundo. Mais datas canceladas, orientações ainda mais fragmentadas.
O que era estranho, tornou-se uma
recusa.
Estava tudo em desalinho. Já não
caminhava mais. Estático. Pausa.
Onde está à instalação do
Processo Criativo Emancipatório? Não havia uma compreensão do que é de fato o
Projeto Vocacional Dança. Na realidade, o entendimento por parte do Núcleo de
Ação Cultural e dos vocacionados referente à visão do Vocacional estava
completamente distorcido.
A NAC não sabia, não entendia,
não compreendia o que era o Vocacional, e mantinha uma postura de “pouco caso”.
Sem trocas, sem transformações,
sem reflexão sobre processos artísticos. Esperavam de mim aquela velha fórmula:
o professor ensina, o aluno aprende. Somado a isso, posteriormente iria me
deparar com mais um desafio – a dificuldade em realizar ações culturais por
causa das limitações rígidas impostas pelo equipamento.
Por orientação política, o
equipamento pediu o desligamento e cancelamento do AO presente, ou seja, eu.
Dor.
Resumo da opera: o atrito estava instalado.
E causou tamanha energia ao ponto de fazer-me questionar tudo aquilo que
aprendi em dois anos de Vocacional e minhas orientações artísticas para com os
vocacionados... o que sou, o que faço, onde estou...
3º ATO – O Encontro... do caminho novo
Entre idas e vindas, encontros e
desencontros, fricção e ação, “vamos que vamos que o som não pode parar”, como
já dizia Thaíde. Apesar da ação política (politicagem no equipamento, em outras
palavras), busquei em minhas reflexões que a conexão era eu, o vocacionado e a
arte (minha base). Redescobri isso em minhas reflexões.
Baseei-me em uma das fotos que
tirei um dia, olhando para o céu, com as luzes meio apagadas. A partir do
momento que olhei para a foto, vi três luzes fortes. Percebi que o três de
alguma forma tinha uma conexão mágica (minha terceira vez, as três Marias, eu,
o vocacionado e a arte, um tripé, o processo criativo emancipatório) e por esse
caminho eu continuei e continuo.
Agora, chegando à reta final,
entre trancos e barrancos, de alguma forma os vocacionados estão entendendo
como funciona o Vocacional. Digamos que apesar das tempestades o “CEU” está
claro – com nuvens parciais, mas está claro.
Está claro que a semente do Vocacional
(a instalação do Processo Criativo emancipatório) foi plantada. Sou grato à
equipe, cujo apoio foi fundamental para enfrentar os desafios do equipamento.
Espero que depois das ações - e
depois do final do período do Vocacional no equipamento -, os vocacionados
realmente ocupem o equipamento e sigam o caminho natural da arte e do
descobrimento, para onde tudo isso pode nos levar.
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