sexta-feira, 21 de novembro de 2014

– ‘Terceira vez... a primeira vez’!

 – ‘Terceira vez... a primeira vez’!

Por: Lenilson “Haysten” P. Rodrigues
Vocacional Dança

1º ATO - A Chegada
Após dias e semanas de espera, o edital de chamamento foi publicado no Diário Oficial e isso foi uma grata notícia.
Era a quarta chamada.
Ao longo de uma extensa lista de nomes, o meu era o último. O último a ser chamado. Porém, o único (entre três artistas-orientadores procurados) a aceitar as condições estabelecidas para que acontecessem as orientações.
Na chamada para as entrevistas, estava na 28ª colocação. Uma boa colocação, tendo em vista que as cerca de vinte primeiras posições são reservadas para os nomes aprovados na função de Coordenação Artístico-Pedagógico.
Passada a entrevista e a análise da carta de intenção tive uma surpresa muito grande ao ver meu nome na 73ª posição na lista dos credenciados, principalmente por estar ciente de que fui um personagem ativo nas edições anteriores do Vocacional Dança. De qualquer forma, estava “dentro”. Estava inspirado. Estava motivado.
Ano de 2014. Meu terceiro ano no Projeto Vocacional. Mais um ano de explorações, trocas, intercâmbio de conhecimentos e união de movimentos. Conhecimentos esses adquiridos em orientações anteriores, no Centro Cultural de M’Boi Mirim – onde foi minha “morada cultural” por dois anos 2012 e 2013.
Apesar do terceiro ano de vivência, senti que o ar soprava algo novo, ou melhor, TUDO novo. Novo equipamento (CEU Parque Anhanguera), novo endereço, novos vocacionados, novo jeito de me deslocar pela cidade. A novidade trazia-me outras inspirações. Fui preparado para realizar meu trabalho dentro do desconhecido, mas seguro de que os vocacionados e o NAC (Núcleo de Ação Cultural) tinham ciência dos princípios do Vocacional Dança – a instauração do Processo Criativo Emancipatório.
Também estava com uma informação nova na bagagem: segundo a Secretaria Municipal de Cultura, o CEU é um equipamento organizado, mas tem limitações com relação à liberdade de atuação do Artista-Orientador. Ao contrário da Casa de Cultura, que oferece uma liberdade maior de atuação do AO.
Já com os pés dentro do equipamento, fui muito bem recebido. A minha impressão inicial da equipe diversificada foi positiva. Havia apoio de toda a equipe desde o início da minha nova vivência. Também sou grato ao coordenador, que mostrou grande conhecimento sobre a região e o equipamento, o que facilitou a minha chegada.
2º ATO – Pausa! O Desencontro
Um início animador: entre 12 e 15 vocacionados me aguardavam.
Logo veio o baque. Conflitos. Contratempo social marcado pela greve dos motoristas e cobradores de ônibus, que para mim, era interminável. Dias e dias perdidos.
Um longo hiato...
Ao retornar, encontrei um equipamento vazio...
O tempo perdido, fruto da greve dos ônibus, nos fez perder – eu e os vocacionados – muito mais do que as orientações. Fez-nos perder o nosso encontro. Quem era eu e quem eram eles? Que eles? Já não encontrava mais aquele grupo de vocacionados, cujos nomes eu havia anotado em minha lista de frequência. Havia cerca de cinco vocacionados. Tudo o que me restava foi se perdendo ainda mais por mais uma ação externa: a Copa do Mundo. Mais datas canceladas, orientações ainda mais fragmentadas.
O que era estranho, tornou-se uma recusa. 
Estava tudo em desalinho. Já não caminhava mais. Estático. Pausa.
Onde está à instalação do Processo Criativo Emancipatório? Não havia uma compreensão do que é de fato o Projeto Vocacional Dança. Na realidade, o entendimento por parte do Núcleo de Ação Cultural e dos vocacionados referente à visão do Vocacional estava completamente distorcido.
A NAC não sabia, não entendia, não compreendia o que era o Vocacional, e mantinha uma postura de “pouco caso”.
Sem trocas, sem transformações, sem reflexão sobre processos artísticos. Esperavam de mim aquela velha fórmula: o professor ensina, o aluno aprende. Somado a isso, posteriormente iria me deparar com mais um desafio – a dificuldade em realizar ações culturais por causa das limitações rígidas impostas pelo equipamento.
Por orientação política, o equipamento pediu o desligamento e cancelamento do AO presente, ou seja, eu.
Dor.
Resumo da opera: o atrito estava instalado. E causou tamanha energia ao ponto de fazer-me questionar tudo aquilo que aprendi em dois anos de Vocacional e minhas orientações artísticas para com os vocacionados... o que sou, o que faço, onde estou... 


3º ATO – O Encontro... do caminho novo
Entre idas e vindas, encontros e desencontros, fricção e ação, “vamos que vamos que o som não pode parar”, como já dizia Thaíde. Apesar da ação política (politicagem no equipamento, em outras palavras), busquei em minhas reflexões que a conexão era eu, o vocacionado e a arte (minha base). Redescobri isso em minhas reflexões.
Baseei-me em uma das fotos que tirei um dia, olhando para o céu, com as luzes meio apagadas. A partir do momento que olhei para a foto, vi três luzes fortes. Percebi que o três de alguma forma tinha uma conexão mágica (minha terceira vez, as três Marias, eu, o vocacionado e a arte, um tripé, o processo criativo emancipatório) e por esse caminho eu continuei e continuo.
Agora, chegando à reta final, entre trancos e barrancos, de alguma forma os vocacionados estão entendendo como funciona o Vocacional. Digamos que apesar das tempestades o “CEU” está claro – com nuvens parciais, mas está claro.
Está claro que a semente do Vocacional (a instalação do Processo Criativo emancipatório) foi plantada. Sou grato à equipe, cujo apoio foi fundamental para enfrentar os desafios do equipamento.

Espero que depois das ações - e depois do final do período do Vocacional no equipamento -, os vocacionados realmente ocupem o equipamento e sigam o caminho natural da arte e do descobrimento, para onde tudo isso pode nos levar.

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