quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Ensaio de Pesquisa - Ação - Artista Orientadora Joyce Silva


O ensaio a seguir nem sei se pode ser chamado de ensaio. Não tem formas, nem um layout atraente. Apenas linhas seguidas de palavras, combinações de frases, oras solitárias, oras barulhentas. Apenas um amontoado de algo escrito.

 
Vocacional Dança... Dança da Vida!

 
Artista da vida...  Artista da alma... Artista da sua própria história.
    Tempos e contratempos faz parte da dança também... E não só da vida!

 Vazio!!!

 Ao meio de tantos barulhos... bolas... Risadas.  Oh!!oh!!! Vai!!! Sua vez!!! Boa!!!
       Ao fundo a sinfonia da valsa das flores.... Ruídos e mais ruídos...

Orientar ou ser orientado eis a questão?
    Ou Seria... Orientar ou ficar desorientado!!

No frescor da tarde fria... Maio, junho, julho...
     Agosto... agosto de Deus... Setembro... Outubro...

Novembro... Dezembro a Deus pertence....
      Horas... Passam...
          Oras lentas... Oras rapidinhas...

 Meu corpo ...

Continua.... Propõe... ( des...propõe).
     Um pé ali... Outro acolá...
           Experimenta só... Improvisa só...

 
***

Chaves... Salas... Incertezas...
     Hoje pode ser aqui? Amanhã não se sabe...
         Hei!! Fulano onde está cicrano???

A resposta é:
      Não sei acho que no teatro...

Procuras constantes, esperar!! Esperar uma chave... uma sala livre... ou sei lá!!
     Resolução não!

Apenas... Ah! Vê essa aí mesmo...  As salas cujo nome lhe são denominadas como
       Piá 1... Piá 2... Piá 3(sala de dança?!?) ... 31 a sala do projeto guri...

Entre tantos vai e voltas, se escuta... Ah... Hoje livre a sala de dança (Piá 3)!!
    Sério?
       Sim...
          Obrigada!

A graça de poder realmente usar uma sala de dança qual é??
      É a graça de não ser fria. Com um chão mais “apropriado”. Enche os olhos... Cores claras...         
           Linóleo no chão?
               Sim... Linóleo... Mas os barulhos, jogos, competições continuam lá.
                   Muitas vezes conflitando com sua solidão de não ter nenhum vocacionado.

 ***
Autonomia...
   Emancipação...
          Ser nômade...

Com tantos vai e voltas de vocacionados talvez você se torna mais o emancipado do que o propositor dessa emancipação?
       (E assim começa os questionamentos)

E se Você for o próprio ser emancipado. Essa também pode ser uma proposta e geralmente é a realidade??
     (Procurando respostas... com outras perguntas).

A licença poética acima é apenas, um breve “desabafo” ou um inicio de uma série de questionamentos que aparentemente não terá fim por uma nova, aliás não mais nova artista orientadora que está em processo. 

Esta série teve inicio em 04 de maio de 2015, CEU Aricanduva, onde começa uma nova jornada, antiga para muitos que se encontravam por ali. Porém, para essa artista orientadora, nova. Região leste é um dia chuvoso e frio, repleto das expectativas. Uma nova "realidade". Discussões, propostas, realizações e não realizações de diversas e diferentes ideias. Que rufem os tambores e comece uma nova peregrinação.

Com mais uma licença... poética ou não poética mais com licença...

Vocacional       >  vocar     -    cionar

                                       
Complemento   >  Invocar  -    Lecionar 
                                  ||                   ||
                             Provocar        Instruir

Ser criativo e despertar a emancipação desse ser... Propor e aceitar propostas... provocar, instruir e acionar, ativar no ser, no corpo, o que de melhor ele pode ter, o que pode oferecer, até mesmo o que não imaginar ter e ser. Mas os questionamentos dessa artista afloram junto ao processo, pois, como despertar tudo isso e a emancipação em pessoas que vai e voltam ou normalmente vai e nunca voltam?

Assim, os dias se passam na região leste, mas precisamente no Jardim Romano. Bairro simples, de casas inacabadas, de terrenos baldios. Mas que ao fim da rua Capachós existe um centro unificado o CEU Três Pontes. Um ambiente frio e barulhento, com poucas expectativas e sem margens ou digamos brechas “aberturas” para ser um “ser nômade” dentro dele.

Dialogar... E ser ouvido de que forma ou jeito? Vocacionados itinerantes, um histórico de esvaziamento de anos anteriores que refletem até hoje, segundo alguns integrantes, pessoas de grupos da região o Programa Vocacional vem enfrentando essa dificuldade dentro desse espaço que poderia ser tão bem aproveitado por todos os jovens que por ali passam ou que por ali não passam. 

Talvez manter a expectativa e firme na batalha é o que há para a “nova” artista orientadora, afinal artistas são pessoas que tem em si próprio a capacidade de vê a poética de cada situação ou ao menos deveria ser assim. Sensibilidade aflorada.
Mas parece que com a situação que o ambiente/espaço lhe são dadas faz com que suas orientações tenham altos e baixos. 

Um exemplo simples e pelo visto mais comum, o fato de ter um espaço adequado para fazer suas atividades parece ser o “sonho de consumo” de todos os envolvidos. Quando se diz “envolvido” são todos aqueles que digamos ou intitulemos de sonhadores da arte, vocacionados, que neste percurso por manterem uma singela chama acesa se vai... Em busca do que? Fica a incógnita. Pois, com as inconstantes presenças, compreender certos corpos e interesses se tornou algo um tanto desafiador.

Enfim, mas quando se tem o espaço definido some as pessoas e daí surge mais um questionamento, na verdade vários questionamentos, será que as idas e vindas, a procura de um ambiente razoável, para acontecer a atividade os deixam cansados?? Será? A ponto de não voltarem mais? Afinal, trocas de salas constantemente, hoje aqui, amanhã acolá, deixaram muitos com aparências de insatisfeitos com a situação.

Mas essa saga vivida por uma artista orientadora nova no programa a deixa com uma série de interrogações na cachola, sim! Seu primeiro ano no Programa e talvez seja por isso que uma série de questionamentos domina um ser que ao meio de um local agitado, barulhento se encontra em um profundo silêncio, com pensamentos e ideias em desordem, pois, a cada encontro se depara em um estado de “surpresa”. E essa desordens atrapalham inclusive esse “ensaio” que (eu) essa artista orientadora, aqui escreve, exatamente esse emaranhado de palavras e frases que escrevi, ao meio do barulho... Pois o barulho se tornou a licença poética para essa escrita.

E assim como o barulho faz parte dele, lidar se com as surpresas também é parte dele. Aliás, a surpresa se tornou parte do processo artístico, ou seja, a qualquer momento pode ou não aparecer alguém interessado um “sonhador da arte” pelo menos naquele dia em fazer algo diferente e dispostos a conhecer o movimento que seu corpo faz, ou a qualquer momento pode aparecer alguém mais curioso em relação a dança que tenha alguma angústia corporal e queira uma orientação.

Ou muitas das vezes alguém que só queira conversar sobre os problemas financeiros, as dificuldades de encontrar um serviço e apenas contar sobre suas angústias pessoais, problemas familiares ou escolares. Lidar com os imprevistos foi o que o Vocacional me ensinou e ensina essa orientadora que aqui continua a escrever, porque mesmo que o orientador idealiza algo que acredita ser bom para tal turma, a tal turma não aparece, quando aparece alguém temos que ambos se adaptarmos e lidar com situações novas.

Re - criar. Reinventar... Afinal o artista - vocacionado tem total autonomia de dizer o que quer e como quer. Sem mesmo antes de praticarmos essa autonomia no seu ser. Com os que vinham e iam trabalhávamos um momento de olhar para si próprio. Instiga los em transitar, potencializar o que eles mesmo queriam, aos poucos alguns foram comparecendo com mais frequência, ao ponto de materializarmos um pouco dos nossos estudos corpóreos tanto em orientações quanto em mostra de processo, momento este sublime de compartilhamentos. E ao juntar todos vocacionados e ao verem todas as linguagens unidas, no bate papo descontraído chegam a conclusão de que arte é tudo.

E o que é tudo para eles eram o cantar, tocar, atuar, dançar, escrever, ler, sendo assim, será que o processo para muitos haviam chegado ao seu ápice?
Mais questionamentos a ser desdobrados... Ao ver os vocacionados dos quais (eu) a novata e agora não mais novata orientadora teve a honra de trabalhar, fica perceptível que a arte é o abrigo para os vocacionados, o refúgio para suas angústias interiores aquelas da frase do autor desconhecido do vocacional literatura que marcou nossa reflexão em umas das mostras de processo, a frase se desdobrou da seguinte maneira,  em “caso de dor dance” ou seria “ dance em caso de dor?, interrogada dessa maneira pela coordenadora de equipe Peticia Carvalho. E com essa e tantas outras perguntas seguimos.

E desdobrado em orientação, ainda questionamos que dor seria essa? E nos perguntamos será que realmente “chegamos” em um acordo comum de processo? Estamos realmente seguindo?... Se ele já estiver encaminhado? Será que nos vemos em um novo processo? Será? Ou apenas continuação de um trabalho que esta tendo em seu dia a dia nuances, tons, formas e acúmulos de ideias diferentes mais com... algo em comum? Quanta complexidade!!! Quanta!!! Com-ple-xi-da-de...

O processo vivido é o misto da solidão e dos barulhos instalados naquele local. Um combinado de músicas contemporâneas... músicas do cotidiano... com poemas propostos... 
Pois, um dia se tem 15 a 17 vocacionados, no outro apenas 8, na outra semana apenas 5, e na complexidade do dia a dia, no outro apenas fiéis 4 escudeiros... No outro apenas 3 e o porque?? Porque eles e/ ou elas... vão... em busca de suas necessidades maiores. A situação em que vivem requer decisões como do vocacionado que prefere preservar sua identidade então chamamos apenas de Lipe...

Um vocacionado empenhado, mas teve que procurar emprego pra ajudar em casa... Nós? O apoiamos e enxugamos suas lágrimas, porque um lado há felicidade de já te encontrado um emprego pelo o outro lado... a tristeza de ter que parar de dançar... o que dizemos... é só uma fase... assim que se adaptar encontrará outros espaços... horários flexíveis para retornar a fazer o que tanto se identificou.
E assim... entre tantos vai e voltas... ou vai e não volta... ao meio dessa realidade de um histórico de esvaziamento... a sala desse CEU...  Segue... Segue A dança da vida...

 ***
Experimentação de práticas corporais
       a partir do que os vocacionados se identificam... gostam...
 

A partir de suas sugestões... as orientações segue
        com seus desejos e angústias


***
Com seus sonhos...
       Apropriam se dos diferentes meios do fazer artístico

E temperam suas vidas com o que há de melhor na arte!!

Como algum deles já disse é tudo muito difícil...
        Ou
Fazendo certo ou errado eu VOU... Afinal EU TENTEI... 
     Isso para mim está sendo uma grande vitória.

 ***

Esse é os nossos artistas vocacionados e vocacionadas de cada dia...
      Esse é o nosso vocacional

Vocacional de dança... Da Dança da Vida...
        Impressa no corpo de cada cidadão a procura de ser cada dia um ser melhor dentro da nossa sociedade tão massacrada...

 ***

Como diz o poema que nos norteou para o trabalho corporal: "...Por enquanto é Tudo ainda". (O Teatro Mágico).

 

 

Joyce Silva
Artista Orientadora – Dança
Equipamento: CEU Três Pontes – Equipe Leste 2

 
Abaixo segue o link do vídeo referente ao processo.


 

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