FERNANDO MACHADO - vocacional dança - equipe sul 3 - CEU Cidade Dutra
Diario de bordo .
Final de semana de outubro de 2014, sábado primavera em São Paulo,
dia quente e seco, no qual inicia-se o horário de verão, um pouco
confuso nessa manhã pego minhas mochila e vou para o CEU Vila rubi.
Gasto pelo menos uns 50 minutos de carro para chegar um caminho longo
pela regiao da zona sul onde
desenvolvo um trabalho de dança contemporânea com o programa
vocacional. Vou ao encontro com a minha equipe e todos os
vocacionados da dança dessa região. Será o dia da mostra de
processos e encontro de todos, muita expectativa de todos de poder
compartilhar nossos desejos e anseios, nosso fazer artistico e se não
realimentar nossos movimentos.
Chego cedo como sempre e aos poucos os vocacionados vão chegando e
se agrupando, cada um tenta colocar sua identidade imediatamente,
maneiras de abordagem, roupas, celulares, computadores, tudo para
afirmar suas autenticidade jovial. Isso mostra já de cara a enorme
diversidade cultural que temos em São Paulo, suas cores, formas,
volumes, cheiros, tudo diferente, sem falar na comida, uma
diversidade de sabores bem paulistano como patês, pães, bolachas,
bolos, suco, refrigerantes e cachorro quente, presente da
coordenação do CEU, tudo para o famoso lanche coletivo, mais uma
maneira de integração entre os vocacionados e artistas
orientadores.
Iniciam-se os ensaios, passagens de palco e de observação, os
grupos ficam mais unidos, e cada um busca usar esse pequeno momento
para melhorar sua performance que acontecerá daqui a pouco. Nada de
novo acontece por enquanto tudo ocorre como a equipe tinha
pré-organizado, chegada - ensaios – lanche –vivência –
preparação para mostra – chegada do público e apresentações .
Todos posicionados nos seus lugares e vamos iniciar a mostra. O
primeiro trabalho começa com um vídeo produzido por uma vocacionada
sobre respeito, cidadania, negritude, amor e na sequência ela
entra toda amarrada vai se desvencilhando de tudo até ficar
totalmente livre e com um sorriso gigante na boca, com um brilho
imenso no olhar de quem conquistou um grande feito. Realmente
realizou. Fiquei perplexo, congelado e feliz .
Todas as outras apresentações que seguiram pareciam
complemento do vídeo, um prolongamento de tudo o que aquela jovem
mostrou nas imagens e na sua performance e eu ali na cabine técnica,
anunciando cada momento fui ficando pequenino como uma fagulha que
pode reacender uma fogueira, quase invisível e ao mesmo tempo
poderoso, quente, iluminado, cheio de esperança e orgulhoso de estar
ali e poder fazer parte de um processo como este, emancipador,
destruidor de amarras sociais.
Fiquei bem comigo mesmo e com vergonha dos meus conflitos, das
minhas preguiças e de todas as dificuldades que colocamos a
nossa frente no dia a dia, percebi que nada é mais importante
neste processo do que poder colaborar com alguém, de qualquer
forma que seja, com dança, com um abraço, uma palavra ou apenas
um olhar, para que essa pessoa possa de alguma maneira alçar voos
cada vez maiores, que possa olhar no espelho e se ver, enxergar o
seu Eu verdadeiro. Isso a dança pode !
Nem sempre é assim mas, hoje num lugar na zona sul dentro
da cidade de São Paulo foi emancipador, renovador e principalmente,
para mim, reparador.
FERNANDO MACHADO
Marcadores: CEU Cdidade Dutra, equpe sul3, fernandomachado, Vocacional Dança
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