quarta-feira, 26 de novembro de 2014

 
FERNANDO MACHADO - vocacional dança - equipe sul 3 - CEU Cidade Dutra

Diario de bordo .

Final de semana de outubro de 2014, sábado primavera em São Paulo, dia quente e seco, no qual inicia-se o horário de verão, um pouco confuso nessa manhã pego minhas mochila e vou para o CEU Vila rubi. Gasto pelo menos uns 50 minutos de carro para chegar um caminho longo pela regiao da zona sul onde desenvolvo um trabalho de dança contemporânea com o programa vocacional. Vou ao encontro com a minha equipe e todos os vocacionados da dança dessa região. Será o dia da mostra de processos e encontro de todos, muita expectativa de todos de poder compartilhar nossos desejos e anseios, nosso fazer artistico e se não realimentar nossos movimentos.

Chego cedo como sempre e aos poucos os vocacionados vão chegando e se agrupando, cada um tenta colocar sua identidade imediatamente, maneiras de abordagem, roupas, celulares, computadores, tudo para afirmar suas autenticidade jovial. Isso mostra já de cara a enorme diversidade cultural que temos em São Paulo, suas cores, formas, volumes, cheiros, tudo diferente, sem falar na comida, uma diversidade de sabores bem paulistano como patês, pães, bolachas, bolos, suco, refrigerantes e cachorro quente, presente da coordenação do CEU, tudo para o famoso lanche coletivo, mais uma maneira de integração entre os vocacionados e artistas orientadores.

Iniciam-se os ensaios, passagens de palco e de observação, os grupos ficam mais unidos, e cada um busca usar esse pequeno momento para melhorar sua performance que acontecerá daqui a pouco. Nada de novo acontece por enquanto tudo ocorre como a equipe tinha pré-organizado, chegada - ensaios – lanche –vivência – preparação para mostra – chegada do público e apresentações .

Todos posicionados nos seus lugares e vamos iniciar a mostra. O primeiro trabalho começa com um vídeo produzido por uma vocacionada sobre respeito, cidadania, negritude, amor e na sequência ela entra toda amarrada vai se desvencilhando de tudo até ficar totalmente livre e com um sorriso gigante na boca, com um brilho imenso no olhar de quem conquistou um grande feito. Realmente realizou. Fiquei perplexo, congelado e feliz .

Todas as outras apresentações que seguiram pareciam complemento do vídeo, um prolongamento de tudo o que aquela jovem mostrou nas imagens e na sua performance e eu ali na cabine técnica, anunciando cada momento fui ficando pequenino como uma fagulha que pode reacender uma fogueira, quase invisível e ao mesmo tempo poderoso, quente, iluminado, cheio de esperança e orgulhoso de estar ali e poder fazer parte de um processo como este, emancipador, destruidor de amarras sociais.


Fiquei bem comigo mesmo e com vergonha dos meus conflitos, das minhas preguiças e de todas as dificuldades que colocamos a nossa frente no dia a dia, percebi que nada é mais importante neste processo do que poder colaborar com alguém, de qualquer forma que seja, com dança, com um abraço, uma palavra ou apenas um olhar, para que essa pessoa possa de alguma maneira alçar voos cada vez maiores, que possa olhar no espelho e se ver, enxergar o seu Eu verdadeiro. Isso a dança pode !
Nem sempre é assim mas, hoje num lugar na zona sul dentro da cidade de São Paulo foi emancipador, renovador e principalmente, para mim, reparador. 

                                                                                                        FERNANDO MACHADO



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