terça-feira, 25 de novembro de 2014

Devolutiva de esboço / encontros / pedagógicos
AO: Ray Maria Moura
Equipamento: Espaço Cultural Tendal da Lapa Edição 2014
Coordenação/Equipe – Centro Oeste: Yáskara Manzini

Palavras chaves que foram surgindo nas rodas de apreciações
Aprendemos com Paulo Freire que educação e pedagogia dizem respeito á formação cultural – o trabalho pedagógico precisa favorecer a experiências da cultura entendida tanto na sua dimensão de produção nas relações sociais cotidianas e como produção historicamente acumulada, presente na literatura, na música, na dança, no teatro, no cinema, na produção artística, histórica e cultural que se encontra nos museus. (Paulo Freire, 1988) (Paulo Freire, 1992)
Seminários: Encontros esses que trouxeram a multiplicidades das danças com suas técnicas/métodos envolvendo o vivenciar dos procedimentos sintonizando com a prática da linguagem diferentes enfoques metodológicos. Dança aérea e vídeo dança realizado no Equipamento Tendal da Lapa onde proporcionou aos Artistas Vocacionados o refletir sobre o corpo flutuante experiência nova e muito diferente até aquele momento e o encontro com todos da equipe Centro Oeste fortaleceu a cultura do encontro.
Devolutivas/Encontros/Pedagógicos. Foram norteados a partir do exercício de aceitação das possibilidades de diferentes corpos, da interação do movimento espontâneo com suas necessidades, e intenção do movimento espontânea/simples, interagindo com o sentimento da boa vontade do fazer, participar e ser aceito com suas particularidades. Na edição 2014 do Programa Vocacional dança houve a formação de uma turma de portadores necessidades especiais/mobilidade. As diferenças e fatores de condições visuais, auditivas, mentais, intelectuais, motora, atraso cognitivo, (incluem a Síndrome de Down). Dança Adaptada
Observamos os desenvolvimentos dos processos na coordenação motora, o uso dos vários elementos/objetos propostos nas ações/práticas pedagógicas, possibilitando a interação com espaço/corpo e processo de criação tanto no espaço individual, como no espaço coletivo. A interação entre as turmas procurou não se distanciar das necessidades dos corpos, mas criar motivação nos encontros a partir das necessidades e maneiras de abrir caminhos para criar e diversas formas com o uso de apoios, articulações, lateralidade, quando surgiram diretrizes e variedades de soluções, aparecendo o desenho e as sobreposições de planos/dinâmicas. Esta  proposta favoreceu a mobilidade para a criação  da livre expressão no qual cada Artista Vocacional pode criar a sua própria dança e se expressar livremente: considerando as suas necessidades especiais, a alegria do dançar, do construir com os elementos que foram manipulados por eles e o desdobramento, cada um formou sua dança com o jogo imaginativo, da brincadeira, chegando no desdobramento de um ambiente criativo, que favoreceu a prática da linguagem.
Em relação ás turmas, vemos corpos em construções nos quais o aprendizado é constante. Procuramos não restringir a liberdade das turmas, pois a mesma é fundamental para que o Artista Vocacional sinta liberdade de ir e vir nos seus processos de pesquisa/ação/investigação e possa pensar o corpo como fonte de criação, do espaço do próprio corpo (corpo aprendendo com as experiências).
Construção/procedimento: (mães) Elas reclamam e continuam reclamando de dores nas articulações, inflamações com sensações dolorosas freqüentemente presente nesses corpos, impossibilitando as atividades do cotidiano, como levar seus filhos para as atividades, cada um dos portadores de necessidades especiais a maior parte da turma dança adaptada não tem autonomia de ir e vir só, cada um depende muito desses familiares ou responsáveis. Algumas idéias foram disparadas no espaço: com a participação delas (mães), momentos esses os quais cada Artista Vocacionado massageou seu responsável com bolas de silicone. Pouco a pouco elas foram interagindo nas práticas pedagógicas, estabelecendo relação de confiança e afetividade. Devolutiva/procedimentos: (mães) Sobre esses momentos de envolvimento passa a ser fundamental o agrupamento das experiências para o engajamento do reflexível do que se possa fazer para valorizar o tempo da alegria nas relações corporais, são experiências muito intensas para ambos. em duplas, fazendo movimentos corporais e percutindo pandeiros com a pessoa da frente. O tambor é usado para marcar ritmos, assim como as cantigas e bastões grandes com o acompanhamento das batidas rítmicas propostas por cada um; – Dando continuidade com os arcos: atribuição dos folguedos populares, que caracterizou-se como ‘traçado dos arcos dançados’, é uma brincadeira onde vai construindo evoluções e desenhos nos espaços possibilitando interpretações de diferentes maneiras, nas relações entre corpo e objeto de encenação no surgimento do movimento inesperado – promovendo a construção dos processos para chegarmos aos desdobramentos em fazer – artístico-pedagógicos (Em algumas regiões do Brasil caracterizou-se ‘traçado dos arcos dançados’, nomenclatura essa que em outras regiões tem outros significados)
Ao pensarmos nas diferenças presentes em cada Artista Vocacionado, é fundamental a re-elaboração do diálogo em respeito ás diversidades e particularidades na humanização das diferenças do trocar / vivenciar. Onde a dança só trouxe resultados satisfatórios na prática do fazer, reconhecendo que cada um promove a construção do fazer artístico. Permitindo o traçamento das formas e posições no deslocamento espacial com a expressividade do movimento e percebendo que suas articulações levam a diferentes possibilidades corporais
Hoje o portador de necessidades especiais tem seus direitos garantidos por várias leis, e é necessário fazer com que tenham ciência delas. Não são mais consideradas doidas. São pessoas especiais, estão incluídas na sociedade, políticas de atendimento na educação especial (Centro de Pesquisa de políticas de atendimento a Educação Especial SP)
Reuven Feuerstein, afirma que a inteligência pode ser ‘’ensinada’’. A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, elaborada por ele, afirma que a inteligência pode ser estimulada em qualquer fase da vida, concedendo ao indivíduo (mesmo considerado inapto) a capacidade de aprender. Seu próprio neto (portador de Síndrome de Down) foi auxiliado por seus métodos. (Reuven Feuerstein foi um psicólogo israelense que se baseou na premissa de que existe um potencial de aprendizagem a ser desenvolvido por qualquer sujeito, independente de sua idade, origem, etnia ou cultura.)
Robinson (apud BERTONI, 1992) percebe que a dança é uma potência altamente significativa, uma linguagem simbólica que utiliza (em termos de movimento, espaço e tempo) todas as faculdades do ser humano, cognitivas, físicas afetivas. Isto acontece pelo fato de que ao dançar o corpo entra em atividade, favorecendo a comunicação de pensamentos e emoções. (BERTONI. A Dança e a evolução; O ballet e seu contexto teórico; Programação didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992)
Bertazzo (2004) e outros autores enfatizam a importância de uma reeducação através do movimento. Para eles o estímulo da coordenação motora nunca deveria cessar, assim como não deveria cessar a evolução intelectual. Quando se estimula e se aprofunda a experiência motora, uma importante ligação surge entre as motivações pessoais e o mundo. (BERTAZZO. Espaço e Corpo: Guia de reeducação do Movimento. São Paulo: SESC, 2004)
Nesse esboço priorizei os encontros com as turmas devolutivas dos artistas vocacionados, e biografias que fazem parte do meu processo de estudo pedagógico no fazer/prática.



Devolutivas/Encontros pedagógicos
Artista Vocacionada: Juliana Nicolau

Bolas, bastões, bambolês e bolos

Há bolas de silicone, pequenas e coloridas
Massageando rosto, nuca, ombro, pé e mão
Há mulheres, moças e meninas
Usando as bolas ao som de uma canção

E os corpos bailam o cavalo marinho
Não é ano novo, nem dia de reis ou natal
Com improvisação e consciência corporal
Desenham movimentos com carinho

Há arcos feitos de bambolês
Enfeitados com fitas coloridas
Em pares os brinquedos formam uma fila
Resgatam folguedos e histórias de vidas

E os corpos bailam indefinidos
Do chão saem, alcançam o ar
Uma a uma, as pessoas buscam os sentidos
E as observamos a dançar

Há bastões de madeira a produzir sons bonitos
Eles variam a cada momento
Fortes, ritmados, suaves e descompassados
Acariciam com harmonia nossos ouvidos

E os corpos bailam pelo chão, em desalinho
Repousam as costas, pés e mãos, juntos a terra
Levantam, caminham, pulam o amigo
Que no chão rola, gira, enrola, desenrola, encerra



Devolutivas/Encontros pedagógicos
Artista Vocacionada: Juliana Nicolau



Nessa aula a orientadora fez sinal
Á barra é lá que vamos trabalhar
Para fortalecer a coluna cervical
E a lombar, agachar, passar e levantar

E a Rai inventa um ballet diferente
Passa por baixo da barra
Vira de costa e volta de frente
No uso do elástico, mais novidade
Segure uma ponte e passe para o colega
Cada um com sua criatividade
Cria formas corporais, se entrega

E a Júlia, pôs-se a filmar
As pessoas e formas surgidas
Espichadas, relaxadas, torcidas
Nunca voltam ao ponto de partida

Bastões em mão minha gente
Dessa vez, para fazer alongamento
Apóiam os joelhos delicadamente
Gire o corpo e complete o movimento

Numa nova seqüência no chão
Parte-se para a exploração
Empurrar, deslizar, inverter
Triangulo com o corpo é a sugestão

E descansam ao ouvir boogie wooggie
Conexões entre estórias e memórias
Repousam nas vibrações de canto
Sentem e relaxem ao som de outrora

E a Grazi quis participar
Ela entrou na roda e no clima
Dançou o cavalo marinho
Estava bonita e com auto-estima

E a Mônica voltou de férias
Ela diz que não quer dançar
Então ela veio somente olhar?
Finalmente, Mônica no grupo vai entrar

Todos em cima do tablado
Duas fileiras são formadas
Nas bordas do papel pardo
Cantigas tradicionais são cantadas
No papel pardo, outras folhas brancas
Desenham caminhos guardados e esquecidos
Despertam sensações, sentidos
De espera, esperança, lembranças

E a Fátima fez bolo de chocolate
Fofo, leve e granulado
Fatias generosas, para as gulosas
A Juliana queria mais um bocado.


DEVOLUTIVA – Artista Vocacionada - Bárbara Regina
SEMINÁRIO DANÇA AÉREA
Ocorreu no espaço Tendal da Lapa, o processo de dança aérea.
Vamos imaginar flutuando no ar e sentir a sensação de liberdade.
A música nos inspira a criar desenhos no ar,
possibilitando os movimentos angelicais.
O frio na barriga no primeiro momento de ansiedade,
estamos praticamente voando,
como um pássaro que nos proporciona um
                                               espetáculo harmonioso
Neste momento podemos
perceber como é maravilhoso utilizar a criatividade.


Segundo Bertazzo (2004), assim como o ser humano não nasce pronto, seu aparelho locomotor também precisará de uma vasta experimentação, para que venha constituir-se numa intensa “fábrica de gestos”, que por sua vez influenciará o desenvolvimento do aparelho neurológico. Para ele, a prática da coordenação motora nunca deveria cessar, assim como não deveria cessar a evolução intelectual. Pois quando se estimula e se aprofunda a experiência motora, uma importante ligação surge entre as motivações pessoais e o mundo. Até Breve!

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