terça-feira, 25 de novembro de 2014

ENSAIO ANIE WELTER- ARTES INTEGRADAS - CEU CANTOS DO AMANHECER

Programa Vocacional – Artes Integradas
Aó: Anie Welter de Oliveira
Coordenação Teth Maiello
CEU Cantos do Amanhecer.
O verdadeiro cogito não define a existência do sujeito pelo pensamento de existir que ele tem, não converte a certeza do mundo em certeza do pensamento do mundo e, enfim não substitui o próprio mundo pela significação mundo. Ele reconhece, ao contrário, meu próprio pensamento como um fato inalienável, e elimina qualquer espécie de idealismo revelando-me como “ser no mundo”.
     Experimentando com as linguagens da dança, teatro, música, artes plásticas, e teatro de animação, provocar possíveis relações surgidas de investigações buscando despertar a sensibilidade no campo das artes foi o objetivo principal compartilhado durante os encontros com os vocacionados das duas turmas as quais pude contar de abril a novembro de 2014.
Ideias foram literalmente materializadas, a linguagem das artes plásticas passou, depois de um tempo, como o foco principal dos encontros, produzir materialidades, transformar com as mãos, metodologia vinda de encontro com a forma pela qual pesquiso como diretora e criadora de espetáculos profissionais.
"Criemos uma nova guilda de artesãos, sem as distinções de classes que erguem uma barreira de arrogância entre o artista e o artesão". Walter Adolf Gropius
     A ideia de criar algo que fosse construído aos poucos, um corpo, um objeto, um boneco, uma escultura, materializando questões pertinentes ao dia a dia de todos a relação da pessoa com ela mesma, com as pessoas que circulam seu cotidiano e a relação com o ambiente. As relações com o mundo no micro e no macro e garantindo desta forma com que até mesmo os vocacionados “flutuadores” possam deixar sua impressão. Iniciamos os projetos práticos de construção que finalizou em “Preciosa”.
     “Preciosa”, a escultura de todos surge como um monumento à procura de nossa própria comunicação e a um caminho, finaliza sua trajetória na Praça do Rosário na Penha depois de uma Ação Cultural. Presentes feitos à mão com mensagens, poemas, desenhos, algo que seria deixado pelo espaço do CEU e metrô com o objetivo de mudar, transformar o cotidiano dos transeuntes que aceitasse pegar os objetos sedutores, são ações dentro do campo das materialidades que se encerram na confecção de bonecos de papelão que trazem uma rica possibilidade: o teatro de animação.
    A limitação inicialmente vinculada à matéria abre um campo ilimitado de criatividade justamente por sua rigidez, a objetividade com que é necessário tratar o assunto resulta em riquíssimas situações. Diante da limitação as caixas de papelão sempre foram os materiais mais escolhidos para dar forma e estruturar os objetos, os cenários e adereços, papelão é moldável e com a técnica da papelagem conseguimos estruturar dando resistência e durabilidade a todo material, curioso é que a cola é feita com polvilho azedo tornando possível economicamente esta ação, pintura com guache dão o acabamento.

     O objeto de criação desse processo indica cenários, adereços, figurinos e personagens, com o surgimento de algum destes elementos, a experimentação com estes  encaminha a uma história ou um roteiro. A dramaturgia que segue este processo de criação auto denomino “dramaturgia ao avesso”, ela parte de um processo criativo onde as limitações e possibilidades do objeto dita primeiramente os caminhos, dando vazão a histórias inusitadas, a aplicação de ideias e imagens com uma continuidade temática e visual estabelece com o expectador uma interlocução livre no campo da imaginação.  
     O teatro de animação tem a liberdade de mexer no lado subjetivo do homem e da vida, ele quebra as barreiras do real e do concreto, do já existente apalpando o novo o que ainda não chegou à consciência. É possível dizer que o teatro de animação não encontra limites ou padrões para seguir, e diante das limitações encontradas durante o trabalho ele tornou-se um aliado “poderoso” na continuação dos trabalhos com os vocacionados. Criar num ambiente limitante pode ser a saída dentro do caos conforme o enfrentamento com a realidade, Ana Maria Amaral reflete em seu livro Teatro de Animação.Historicamente o teatro de animação colocou em xeque as antigas convenções do teatro saturado de psicologismo, mimetismo, verossimilhança e linearidade com suas provocações criativas”.
     Passando por todo processo o vocacionado teve a oportunidade de criar, confeccionar, manipular e apresentar o trabalho que ocorrerá na Mostra Cultural do CEU Cantos do Amanhecer no dia 06 de dezembro no palco do teatro as 11h00min fechando o ciclo e deixando com eles a possibilidade de prosseguir com o aprendizado, manipular um boneco é como tocar um instrumento e fazê-lo com destreza requer muito estudo deixo cada um com seu boneco, uma pequena estrutura de encenação e a vontade que sigam pesquisando com eles, fico com o pensamento positivo e apostando sempre. 


Anie Welter de Oliveira
Novembro de 2014

Artes Integradas










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