ENSAIO ANIE WELTER- ARTES INTEGRADAS - CEU CANTOS DO AMANHECER
Programa
Vocacional – Artes Integradas
Aó:
Anie Welter de Oliveira
Coordenação
Teth Maiello
CEU
Cantos do Amanhecer.
O
verdadeiro cogito não define a existência do sujeito pelo pensamento de existir
que ele tem, não converte a certeza do mundo em certeza do pensamento do mundo
e, enfim não substitui o próprio mundo pela significação mundo. Ele reconhece,
ao contrário, meu próprio pensamento como um fato inalienável, e elimina
qualquer espécie de idealismo revelando-me como “ser no mundo”.
Experimentando com as linguagens da dança,
teatro, música, artes plásticas, e teatro de animação, provocar possíveis
relações surgidas de investigações buscando despertar a sensibilidade no campo
das artes foi o objetivo principal compartilhado durante os encontros com os
vocacionados das duas turmas as quais pude contar de abril a novembro de 2014.
Ideias
foram literalmente materializadas, a linguagem das artes plásticas passou,
depois de um tempo, como o foco principal dos encontros, produzir
materialidades, transformar com as mãos, metodologia vinda de encontro com a
forma pela qual pesquiso como diretora e criadora de espetáculos profissionais.
"Criemos
uma nova guilda de artesãos, sem as distinções de classes que erguem uma
barreira de arrogância entre o artista e o artesão". Walter Adolf Gropius
A
ideia de criar algo que fosse construído aos poucos, um corpo, um objeto, um
boneco, uma escultura, materializando questões pertinentes ao dia a dia de
todos a relação da pessoa com ela mesma, com as pessoas que circulam seu
cotidiano e a relação com o ambiente. As relações com o mundo no micro e no
macro e garantindo desta forma com que até mesmo os vocacionados “flutuadores”
possam deixar sua impressão. Iniciamos os projetos práticos de construção que
finalizou em “Preciosa”.
“Preciosa”, a escultura de todos surge
como um monumento à procura de nossa própria comunicação e a um caminho,
finaliza sua trajetória na Praça do Rosário na Penha depois de uma Ação
Cultural. Presentes feitos à mão com mensagens, poemas, desenhos, algo que
seria deixado pelo espaço do CEU e metrô com o objetivo de mudar, transformar o
cotidiano dos transeuntes que aceitasse pegar os objetos sedutores, são ações
dentro do campo das materialidades que se encerram na confecção de bonecos de
papelão que trazem uma rica possibilidade: o teatro de animação.
A limitação inicialmente vinculada à
matéria abre um campo ilimitado de criatividade justamente por sua rigidez, a
objetividade com que é necessário tratar o assunto resulta em riquíssimas
situações. Diante da limitação as caixas
de papelão sempre foram os materiais mais escolhidos para dar forma e
estruturar os objetos, os cenários e adereços, papelão é moldável e com a
técnica da papelagem conseguimos estruturar dando resistência e durabilidade a
todo material, curioso é que a cola é feita com polvilho azedo tornando
possível economicamente esta ação, pintura com guache dão o acabamento.
O objeto de criação desse processo indica cenários,
adereços, figurinos e personagens, com o surgimento de algum destes elementos, a
experimentação com estes encaminha a uma
história ou um roteiro. A dramaturgia que segue este processo de criação auto
denomino “dramaturgia ao avesso”, ela parte de um processo criativo onde as
limitações e possibilidades do objeto dita primeiramente os caminhos, dando
vazão a histórias inusitadas, a aplicação de ideias e imagens com uma
continuidade temática e visual estabelece com o expectador uma interlocução livre
no campo da imaginação.
O teatro de animação tem a liberdade de
mexer no lado subjetivo do homem e da vida, ele quebra as barreiras do real e
do concreto, do já existente apalpando o novo o que ainda não chegou à
consciência. É possível dizer que o teatro de animação não encontra limites ou
padrões para seguir, e diante das limitações encontradas durante o trabalho ele
tornou-se um aliado “poderoso” na continuação dos trabalhos com os vocacionados.
Criar
num ambiente limitante pode ser a saída dentro do caos conforme o enfrentamento
com a realidade, Ana Maria Amaral reflete em seu livro Teatro de Animação. “Historicamente
o teatro de animação colocou em xeque as antigas convenções do teatro saturado
de psicologismo, mimetismo, verossimilhança e linearidade com suas provocações
criativas”.
Passando por todo processo o vocacionado teve
a oportunidade de criar, confeccionar, manipular e apresentar o trabalho que
ocorrerá na Mostra Cultural do CEU Cantos do Amanhecer no dia 06 de dezembro no
palco do teatro as 11h00min fechando o ciclo e deixando com eles a
possibilidade de prosseguir com o aprendizado, manipular um boneco é como tocar
um instrumento e fazê-lo com destreza requer muito estudo deixo cada um com seu
boneco, uma pequena estrutura de encenação e a vontade que sigam pesquisando
com eles, fico com o pensamento positivo e apostando sempre.
Anie
Welter de Oliveira
Novembro
de 2014
Artes
Integradas
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