DENTRO E FORA: o corte como caminho de um para o outro
Dentro e fora
O corte como caminho de um para o outro
Respirar é
estar no mundo e é nesse movimento de dentro
e fora que instaura o processo criativo em dança este ano no Programa
Vocacional Dança. O movimento mora no caminho de um para o outro. Pesquisando
diferentes aspectos do dentro e fora,
através do que expande e contrai, do que está na investigação do estado de
sensação de cada artista e do que está externo, que está no outro, no entorno
chegamos aos nossos limites, percepções de laços, fronteiras e perfurações no
ambiente tanto social quanto interno de sensação subjetiva na dança.
Diante do cruzamento
desses laços e limites encontramos a ação do “cortar”. O corte como ação de
cruzamentos, definições do que é dual e da precisão de gestos e movimentos
nesse trajeto do dentro e fora. O
corte como caminho do fora, dentro.
Um dos
objetivos foi buscar o outro e a si mesmo, através das perguntas: O que vem de
dentro, o que é a dança autoral? O que vem do outro, da cidade, da cultura em
que vivo e que me constrói? Para responder corporalmente a essas questões
criamos estratégias de investigação do corpo através de contração, expansão, cortar
o espaço, o tempo, o vento, em diferentes tempos, lugares e níveis, e
pontualmente a proposição de algo (técnica / Klauss Vianna) que me leve a
conscientização de regiões centrais e/ou periféricas dentro e fora do meu
corpo. A criação do procedimento é a técnica. No caso, a técnica está em função
do processo criativo, do que está sendo levantado enquanto forma e conteúdo.
A partida
dentro de uma escolha consciente que ao traçar percursos de um processo nos fez
chegar ao que denominamos provisoriamente de “Preparação para ser”. Esse trabalho é traçado por
artistas-vocacionadas no Ceu Aricanduva em relação ao processo instaurado deste
o início com ações de “cortar” e a procedimentos criativos focando o espaço de
relação, onde estão as dicotomias na forma de pensar e fazer e na diversidade de
cada corpo e dança. “Preparação para ser” buscou e busca encontrar-se em si mesmo e no
outro através de uma preparação autoral e de uma relação pontuada com o que
parece que está fora de si. São essas relações, a diversidade e os diferentes
modos de se relacionar expressivamente através da dança que se constrói essa
criação dentro-fora.
Nos
encontros investigamos camadas artísticas de cada integrante. A prática das experiências
artísticas alimentava cada semana. Os poros da pele já não eram os mesmos; Jogo
de improvisação e registros de partituras de movimento já modificavam o próprio
corpo; mas quantas desistências de levantamentos de gestos, mas quanta
exploração de movimento e o que se fica disso tudo são as camadas, que vão se
alterando com o tempo, mesmo assim, algo se repete, algo fica, está ali e quer
se propor enquanto matéria física, concreta e poética: o corpo em relação.
A
atenção ao que circula em volta, não estamos sós. Olhares calados nos assistem.
E é nesse olhar que o entorno chega e juntos nos olhamos, nos assistimos e nos
identificamos de alguma forma.
“... ações que trazem em
si a criatividade, a comunicação e a cooperação como valores fundamentais.”
(Suzana Schmidt – Zonas de fronteira). Ao redor está a realidade de dentro e fora do Ceu Aricanduva que
me “fala” com os olhos. Olhamo-nos todos e vemos uma semelhança nítida que vem
de camadas mais profundas, o que parece estar fora, está dentro, porque é nessa
relação em que a dança autoral acontece. É no caminho entre eu e minha cidade. É
nesse corpo integral, complexo e atento que a dança acontece.
A
necessidade de vasculhar as margens desta folha que escrevo. A marginalidade
dos espaços fora de ordem, talvez esse possa ser o caminho de aprofundamento
nos diálogos de um corpo fora-dentro, fora da ordem, estrangeiro e caiçara. E é
nesse momento que a experiência artística quando vivenciada e praticada faz
desamarrar as fronteiras criadas por algumas relações históricas que separam o
dentro-fora.
A prática de jogo e percepção
do corpo traz uma experiência dilatada, um corpo tocado” pode atravessar as
fronteiras culturais e sociais da cidade dando um sentido para nossa existência
e cidadania, como querer partilhar com o outro a nossa ação de movimentar em conjunto
sobre algo comum; é como dizer através da presença do corpo algo comum a todos,
é como nas subjetividades miscigenadas culturalmente atravessasse uma
forma única.
Ato de recolher e ato de
expandir. Recuar em dança o contradição social do cotidiano. Cortes em rotas e
avenidas. O corte que vira dois, que transforma, que
pontua, finaliza. Fim. Que vira um novo começo. Começos criam outros
trechos. Outras formas de pensar, agir e claro, de se movimentar.
Movimenta uma cidade. Cortes. Corpo. Divido. Dois. Dobra. É nesse movimento de processo de cada esquina
que dobra, cada corte de caminho, constrói um gesto ou uma palavra. A palavra
do processo criativo em dança dobra, porque é dupla e coletiva. Corpo um
que se divide em dois. A mãe que
pare o filho. O filho que
conquista o mundo. O menino que vira homem. Bifurcações. Rituais de passagem. O
ninho que deixa de ser ninho e colo e se transforma em estrada. O
redondo vira uma linha. E tantas voltas e rodopios chega-se à um caminho: essa
trajetória de hoje que é dentro e fora, é entorno e interno, é uma pessoa e uma
cidade.
Atravessar
algo: meu ser e a cidade, ora pela exaustão, ora pela
prontidão.
Resistência.
Produção de força, sustentação e projeção. Durabilidade no chute, no corte, no
lançamento da perna cortando o espaço e das mãos
rasgando as telas invisíveis que separam a periferia do centro.
“Ampliando o entendimento da ação
cultural para o campo sociopolítico, torna-se necessário o confronto da
estrutura do poder, criando ações, não de enfrentamento aberto, mas de
resistência, que trabalhem no domínio do imaterial, da produção de
subjetividade e das relações afetivas, perpassadas pelo sentido da
sobrevivência.” Suzana
Schmidt – Zonas de fronteira
Mundo,
Brasil, espaço público, esfera pública, uma interação circular, cria novos
movimentos à história capaz de interromper, de desviar o fluxo da história como
linhas de fuga nômades e começar uma história própria. Vozes e gestos: lançar
uma leve camada de poeira sobre o corpo e depois perfurar.
AO Thais Ponzoni
Equipe Leste 1 –
coordenação de equipe: Cláudia Palma
Ensaio Pesquisa 2014
CEU Aricanduva
http://youtu.be/HKKIwfYsVIg - Procedimento Dentro-fora
http://youtu.be/zxUROUhrRFs - território da equipe leste 1 - território
http://youtu.be/h1j8AtJ06QQ - percepção e poética dos apoios
http://youtu.be/zNa5dQZ27UI - dança pé
2 Comentários:
Técnica Klauss Vianna* correção onde está escrito
técnica/Klauss Vianna
Técnica Klauss Vianna* correção onde está escrito
técnica/Klauss Vianna
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