PRÓLOGO - sobre o amanhã - José Romero - Coordenador de linguagem VOCACIONAL DANÇA
ENSAIO DE
PESQUISA 2014
José Romero
Coordenador de
linguagem do vocacionaldança
PRÓLOGO - sobre o amanhã
Na edição 2014 o
Programa Vocacional está distante das necessidades do VOCACIONALDANÇA. Tudo que
foi argumentado em 2013 pela equipe de AOS e Coordenadores não foi levado em
conta.
Então, reescrevo sinteticamente: precisamos
ter uma coordenação de formação que traduza as especificidades da linguagem. Precisamos
de uma coordenação geral por região que possa acompanhar os processos artísticos
de perto para entender as sutilezas de cada equipe.
A partir daí podemos pensar
em formações e territorializações gerais.
COLAGENS DE IDEIAS E TRECHOS INICIADOS
SOBRE OS DESEJOS QUE ME
LEVARAM PELO ANO DE 2014. EIS O MEU
ENSAIO!
NÃO CONCLUO, NÃO DEFINO, NÃO REFLITO,
NÃO, NÃO E NÃO.
?
Fig 1
- Mostra do Vocacional Dança 2014
Dádiva
Onde
atua o vocacionaldança vejo uma DÁDIVA no sentido da sociologia de Zigmund Baumam[1]. Pois um corpo que vive sem a poesia do movimento não
está pronto para ser luz[2].
Baumam, coloca que em sua forma
extrema a dádiva seria totalmente desinteressada e ofertada independentemente
das qualidades de quem as recebe. Interesse, aqui, significa inexistência de remuneração
de qualquer modo ou forma. Julgada pelos padrões comuns de troca e posse, a
pura dádiva é pura perda. Afinal, ela representa ganho só em termos morais.
Em sua forma pura a dádiva é
oferecida a quem precisa, apenas e simplesmente porque precisa. A pura dádiva é
o reconhecimento de humanidade no outro. No oposto da dádiva está a troca
equivalente, que afinadíssima com a lógica capitalista dá apenas aquilo que a
pessoa tem a condição de devolver.
Dádiva também são os decretos celestes que recebemos de Deus, estudados e revelados pelos Mestres para nos auxiliar a melhorar nossas vidas.
Da
composição e estética como forma de se alçar no mundo
Eu dizia que criar uma obra,
deixar um traço, gravar, não tem mais o mesmo sentido, o mesmo valor que antes
do dilúvio informacional. A desvalorização da informação é uma consequência
natural de sua inflação. A partir de então, o propósito do trabalho artístico
se desloca para o acontecimento, ou seja, em direção à reorganização da
paisagem de sentido que, fractalmente, em todas as escalas, habita o espaço de
comunicação, as subjetividades de grupos e a memória sensível dos indivíduos.
Ocorre alguma coisa na rede dos signos, assim como no tecido humano (LEVY.
2002).
Quando afirma que a experiência estética resignifica
as coisas como possibilidades e que, a arte dá forma, intencionalmente
desenvolvida a essas possibilidades, para que se materializem de maneira esclarecida,
coerente, “apaixonada” e singular.
?
Fig
2 - Mostra do Vocacional Dança 2014
Vivemos tempos de mudanças
profundas em todas as dimensões de nossa vida em sociedade. E, em tempo de
mudança, fica muito difícil fazer prognósticos confiáveis sobre o futuro e
adotar medidas efetivas, antes as questões, às quais enfrentamos em cada momento
do presente. Mobilidade e aleatoriedade são as constantes deste tempo e não o
são menos em educação. Mudanças de planos, reestruturações organizacionais, reconsiderações
conceituais, etc., tentativas contínuas de adaptação a realidades que parecem configurar-se,diante
dos nossos olhos, de uma determinada maneira, mas que, quando preparamos a
resposta educacional, já não estão onde estavam, já não são exatamente como
eram. (IMANOL. 2009).
Introduction
O presente
texto pretende refletir sobre os processos artísticos/educacionais como
experiência estética a partir do entendimento de que a experiência estética
decorre da prática e pesquisa artística dialógica, se ancora na troca de saberes e subjetividades, e ainda, que
ela se faz potencialmente na experiência cotidiana.
Para fundamentar
este postulado, recorro a autores cruciais para o desenvolvimento desse tema
como: John Dewey (1934), Jacques Ranciére (2002) e Imanol Aguirre
(2009).
O mestre será menos mestre e mais
ignorante.
?
Fig
3 - Mostra do Vocacional Dança 2014
Passo um
Temos que considerar, apoiado em
Aguirre (2009), que os espaços artísticos/educacionais são territórios com
potência para gerar experiências estéticas por meio de diversos procedimentos que
respeitem as singularidades e desejos dos estudantes e professores (ou
orientadores) envolvidos independente da linguagem escolhida. Nesse sentido a
relação se estabelece na aproximação das realidades trazidas pelos
agentes. Trata-se de uma relação processual
onde a experiência estética está presente em sua potência para deflagrar novos
olhares e percepções sobre o objeto pesquisado.
Uma experiência estética que
acontece em meio a processos artísticos.
Nessa direção a prática da relação
artística/educacional e criativa deve ser entendida, com base em Ranciére (2002),
no livro o mestre ignorante. Para esse autor, que afirma que o professor/artista
orientador não pode subjulgar o conhecido dos alunos e deve promover a
emancipação do sujeito, todos estão em estado de aprendizado, em um estado de
experiência e pesquisa sobre o espaço, as pessoas, o fazer artístico, não é,
portanto, um situação de professor que ensina o aluno, mas um encontro de troca
de experiências que amplifica os conhecimentos que são trazidos por qualquer um
dos envolvidos. Nessa configuração as mais diversas formas culturais podem se
fazer complementares e dialogar.
?
Fig
4 - Mostra do Vocacional Dança 2014
Passo final
Podemos concluir, então, que
quando estamos diante de um processo artístico/educacional /criativo que se faz
pautado pela pesquisa que se instaura apoiada nos saberes coletivos, caminhamos
na direção potencializar uma infinidade de interpretações e possibilidades de
experiências estéticas, que conforme Dewey (1934) reside nos objetos e coisas
como possibilidades latentes prontas para serem reveladas cotidianamente.
Outro passo
Esse é o lugar da arte como política, uma política de
enfrentamento não (somente) nos seus objetos poéticos, mas nos seus modelos de
atuação, que visam, entre outros, instaurar a potência reflexiva do corpo no
que ele tem de humano, dentro do entendimento de que a obra de arte é uma
experiência estética em fluxo e aberta Dewey (1934,) para que possamos imaginar
novos mundos e soprar neologismos construtores de novas ordens lastreados nas
experiências que nos tocam diariamente.
O RUMO DESSE ENSAIO EM SETEMBRO FOI “DESLOCAMENTO”
ANEXO TRECHO DO TEXTO/ARTIGO QUE FOI ENVIADO PARA A PUBLICAÇAO NA REVISTA
VOCARE.
ATENDENDO AOS MEUS DESEJOS insiro AS
DIVULGAÇÕES DE ALGUMAS AÇÕES QUE MOTIVARAM A EQUIPE + VOCACIONADOS NESSE LONGO
2014
deslocaçâo
Deslocamento está no entre. Nem o início
nem o fim.
Vejo-te hoje na ação cultural da zona
sul e amanhã, logo ali, na zona oeste. Entre uma e outra ação cultural uma
noite se passou. Um espetáculo de dança no Centro Cultural São Paulo, um show
de música na TV, uma serie de alongamentos e um banho quente. Outros
deslocamentos.
Deslocamento que coloca em desuso a
vocação crua de instaurar o processo artístico emancipatório. A emancipação é o
devir. O plano de voo que traçamos indica que vamos nos jogar no buraco espesso
e luminoso do movimento/deslocamento para moldar um neo princípio/objetivo. O ir e vir de toda uma equipe em caráter de
turista aprendiz[3],
em busca de sentido, trabalho, negócio, deriva. A artificação[4]
dos processos[5].
Fig 5 - Mostra do Vocacional Dança 2014
O nomadismo no espaço público e a
imaginação de possibilidades. Em fluxo e movimento perceber os motivos de estar
em deriva pelo espaço e se reencontrar com a cidade. Uma rua estreita, um
portão de ferro, uma fachada envelhecida, um matagal e a linha do trem.
Gostamos desses desvios.
Ser um nômade no pensamento, nos
cruzamentos de intenções. O ser curioso que como o cachorro de rua não se
contenta com o espaço do quintal. Um criador de situações e ações em conjunto
alargando os “entres”.
Já
avisei que a cidade é um vão[6]
A menor distância entre dois pontos é
uma reta[7].
Qual debate que geramos nas maiores
distâncias possíveis?
O andar em curva. O encontro em espiral.
O cruzamento lateral.
No trajeto a mais que ganho quando me
perco na cidade reconheço um retorno. Corpo nômade com bússola, ampulheta,
fósforos e um enorme mapa amarelado com um retumbante XIS.
Nós nos reconhecemos andarilhos, poetas
e artistas, que por inclinação ao desassossego, resolvemos nos mover. Valorizamos o encontro, o gosto pelo
movimento. As cores que mudam na paisagem.
Deslocamento e movimento porque para
viver a crioturbação[8]
entre a imaginação (deslocamento) e o corpo (movimento), nós escolhemos a fuga
do tédio opressor dos espaços comportados. Não temos galerias, festas, salas de
ensaios, revistas especializadas e sites.
Temos alguma liberdade e inúmeras vezes
isso é divertido.
Escolhemos dançar o corpo nômade na metrópole pela convicção de que, a
vertigem que a cidade de São Paulo provoca, extrapola a ordem natural das
coisas.
No deslocamento/movimento produzimos os
(nossos) verdadeiros vãos. Simulacros repletos de risos gozosos, pois assim,
suspeitamos que não impulsionamos os objetos consumíveis-produtivos tão livremente franquiados pela política
cultural vigente[9].
Movimento e deslocamento para viver a
contradição
[1] BAUMAM, Zigmund. aprendendo a pensar com a sociologia. São
Paulo: Editora Oficial do Estado, 2002;
[2]
Movimento está aqui entendido como algo
amplo que engloba as cores, música, palavra e pensamento.
[3] O
turista aprendiz (1928) obra de Mário de Andrade (1893-1945) relata sua
pesquisa etnográfica pelo norte do Brasil a fim de traçar as coordenadas de uma
cultura nacional.
[4] Definição: Artificação é o
processo pelo qual atores sociais passam a considerar como arte um objeto ou
atividade, que eles, anteriormente não consideravam. Ver artigo: Que é Artificação? De Roberta Shapiro. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922007000100006> acesso em 29/jul/2014.
[5] Aqui é evocado o processo como
uma ação em si que já possui toda a potência artística.
[6] As vitrines música de Chico Buarque de Holanda
[7]
Segundo a geometria Euclidiana.
[8] Crioturbação: nas superfícies
horizontais o solo alternadamente gelado e degelado sofre uma mistura,
intricamento dos materiais. Dicionário de usos do Português do Brasil –
Francisco S. Borba. Editora Ática São Paulo: 2002.
[9] LYOTARD, Jean-François. O acinema
in teoria contemporânea do Cinema – pós
estruturalismo e filosofia analítica vol. 1 RAMOS, Fernão Pessoa (org.).
São Paulo: Senac, 2004.
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