sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O tamanho do invisível




Ensaio Vocacional TEATRO
Artista Orientadora: Janaina Brizolla
Equipamento: CEU Parque São Carlos 
Equipe: LESTE 4


"Algumas pessoas são longe.
Quando for grande
quero ser longe"
Valter Hugo Mae


Entro e respiro,
 olho para dentro até não caber mais
 em seguida percebo-me em relação ao outro
 olho até faltar o ar.

Primeiras horas:
"Chão de madeira 
Entrar em terreno estranho
Conversa em circulo
Conhecer gente nova
Opiniões diferente e visões de mundo oposta
Conhecer o espaço
Correria em velocidade 1,2,3,4 e 5
Equilíbrio
A dança da bexiga
risadas, e conversas soltas
Silêncio
O corpo (deixa ele se expressar)
Silêncio de novo
Sensibilidade, leveza e emoção
Mais conversas e observações
Hora da história
Narração
Roda de 10 amigos brincando, numa praça
Todo mundo feliz, muitas risadas
Adaptando-se, na gravidade
Trabalho em grupo
Apertando botões
Acordar os amigos de forma diferente
Uma roda de amigos envelhecido, morte feliz
Observações
Conversas
Outra história, adaptação do Mágico de OZ
 Mais história... O caçador, vampiros e a Imperatriz
Outros personagens, fui caçadora, mas virei vampira e fui morta por um caçador 
Outras conversas, considerações e observações das encenações.
O pintor e seus personagens se revelando
Final da história
Eu narrando, falando em voz alta 
A transformação de Oscar, metamorfose
Várias vidas em uma só...
Mãe acorda filho e tudo não se passa de um sonho
Outra história, mundo adolescente
Segredos
Vida sexual, abordagem (Não estou pronta)
Uma nova roda no piso de madeira, observações
Errar e começar de novo"



Vivemos no CEU, lugar frágil, lugar de navegação.
 Aos poucos foram chegando, vieram de vários lugares, da casa ao lado, da rua de baixo, de um bairro distante e do azul da cor do mar. 

Logo fui percebendo seus olhares e suas vontades fulminantes, falamos, falamos, falamos, e no mar desse CEU, nos lançamos para o absurdo, para o improviso em busca  de um vestígio de comicidade.

Aqui a vida se compõe, aqui a vida se cria. Jogo, coletivo, em duplas, sozinhos, descobrindo e explorando os impulsos. Observo e experiencio. 

O impulso surgiu, e a mascará do palhaço nos levou para fora. Abrimos as portas e com isso o território  se expande, encontramos algo, um reflexo de criação.

E nessas andanças encontramos nossa imagem refletida nos corredores, no metro, nas praças. E esse mundo de fora se aproximou do mundo de dentro.

E tentamos pertencer a este novo lugar descoberto, o lugar de criação e nos questionamos, como pertencer? Pergunta que nos fez caminhar: 






devagar 
até pegar o ritmo
os saltos
foram pequenos
com giros rápidos
em plano médio
pisamos nos calcanhares
borda e ponta dos pés.



  




E nessa caminhada percebo que o teatro me permite também a não pertencer a nenhum lugar. 
Então apenas nos colocamos no espaço-corpo e percebemos o invisível.
E percebemos o quanto não estamos mais invisíveis.
Muitas palavras-corpo foram acumulando no espelho:

corpo-medo
corpo-entrega
corpo-impulso
corpo-descoberta
corpo-ausência
corpo-esforço

E no reflexo dessas palavras sinto que:" Não posso tirar a mascara, se tirar, não serei mais vista, ficarei invisível"

Só que as vezes olhar para o invisível é necessário. Percebe-lo do seu lado feito sua sombra. E isso pode ser que só descobriremos depois de grande, que o tamanho das coisas há de ser medido pela intimidade que temos das coisas. 
O tamanho do invisível, seu Manoel de Barros conhecia.

E o invisível foi-se desabotoando, dos pés, do peito, das mãos, dos olhos, dos narizes, das bocas.
Através do nariz vermelho o espelho reflete agora a nossa imagem desabotoada.


De fato, antes de se tornar um personagem,
 o palhaço é uma visão de mundo.
 Ele se organiza numa lógica particular que
 olha, pensa e realiza a realidade
 num sentido que lhe é autêntico,
 único e original. 
Não se pode separar o palhaço da pessoa,
 o criador, pois se trata dele mesmo,
 apenas revelado numa espécie 
de segunda versão da própria existência.
 (Achcar, 2007: 106).



Os pequenos narizes vermelhos, 
dando ao nariz uma forma redonda,
 banham os olhos de ingenuidade e aumenta o rosto,
 desarmando-o de qualquer defesa. 
Ele não causa medo, o que faz com que seja amado.
 (In "Le Théâtre du geste", org. de Jacques Lecoq, Ed. Bordas, Paris, 1987, pág. 117. )

Relato de quando o mundo de fora se encontrou com o mundo de dentro
 por Vanessa Sullivan



"Lembro de estar tremendo, parada e encostada na parede enquanto todos caminhavam.
Tive medo de compartilhar os meus temores, o que eles iriam pensar de mim? 
Não sou como os heróis do cinema. Eu tive medo de caminhar, de sair do lugar.
As portas se abriram, caminhei de cabeça baixa para disfarçar o nervoso.
Eu não sei o que estava acontecendo para eu estar assim, tinha um casal de grilos cantando e dançando no meu estomago.
Porque essa gente me olha tanto? 
Que Palhaçada é essa?
E essas roupas? Cade o bom senso?  Cade o bom gosto?
Será que perderam a noção do ridículo?
Mas quem sou eu para julga-los, estou igualzinha a eles.
Acho que não gosto do bom senso.
Pra que tanto rótulo?
Pra que se prender tanto?
Eh! Acho que sou uma palhaça!
Porque a vergonha ficou do outro lado da rua..."

















   




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