O tamanho do invisível
Ensaio Vocacional TEATRO
Artista Orientadora: Janaina Brizolla
Equipamento: CEU Parque São Carlos
Equipe: LESTE 4
"Algumas pessoas são longe.
Quando for grande
quero ser longe"
Valter Hugo Mae
Entro e respiro,
olho para dentro até não caber mais
em seguida percebo-me em relação ao outro
olho até faltar o ar.
Primeiras horas:
"Chão
de madeira
Entrar
em terreno estranho
Conversa
em circulo
Conhecer
gente nova
Opiniões
diferente e visões de mundo oposta
Conhecer
o espaço
Correria
em velocidade 1,2,3,4 e 5
Equilíbrio
A
dança da bexiga
risadas,
e conversas soltas
Silêncio
O
corpo (deixa ele se expressar)
Silêncio
de novo
Sensibilidade,
leveza e emoção
Mais
conversas e observações
Hora
da história
Narração
Roda
de 10 amigos brincando, numa praça
Todo
mundo feliz, muitas risadas
Adaptando-se,
na gravidade
Trabalho
em grupo
Apertando
botões
Acordar
os amigos de forma diferente
Uma
roda de amigos envelhecido, morte feliz
Observações
Conversas
Outra
história, adaptação do Mágico de OZ
Mais
história... O caçador, vampiros e a Imperatriz
Outros
personagens, fui caçadora, mas virei vampira e fui morta por um
caçador
Outras
conversas, considerações e observações das encenações.
O
pintor e seus personagens se revelando
Final
da história
Eu
narrando, falando em voz alta
A
transformação de Oscar, metamorfose
Várias
vidas em uma só...
Mãe
acorda filho e tudo não se passa de um sonho
Outra
história, mundo adolescente
Segredos
Vida
sexual, abordagem (Não estou pronta)
Uma
nova roda no piso de madeira, observações
Errar
e começar de novo"
Vivemos
no CEU, lugar frágil, lugar de navegação.
Aos
poucos foram chegando, vieram de vários lugares, da casa ao lado, da
rua de baixo, de um bairro distante e do azul da cor do mar.
Logo
fui percebendo seus olhares e suas vontades fulminantes, falamos,
falamos, falamos, e no mar desse CEU, nos lançamos para o
absurdo, para o improviso em busca de um vestígio de
comicidade.
Aqui
a vida se compõe, aqui a vida se cria. Jogo, coletivo, em duplas,
sozinhos, descobrindo e explorando os impulsos. Observo
e experiencio.
O
impulso surgiu, e a mascará do palhaço nos levou para fora. Abrimos
as portas e com isso o território se expande, encontramos
algo, um reflexo de criação.
E
nessas andanças encontramos nossa imagem refletida nos corredores,
no metro, nas praças. E esse mundo de fora se aproximou do mundo de
dentro.
E
tentamos pertencer a este novo lugar descoberto, o lugar de criação
e nos questionamos, como pertencer? Pergunta que nos fez caminhar:
devagar
até
pegar o ritmo
os
saltos
foram
pequenos
com
giros rápidos
em
plano médio
pisamos
nos calcanhares
borda
e ponta dos pés.
E
nessa caminhada percebo que o teatro me permite também a não
pertencer a nenhum lugar.
Então apenas nos colocamos no espaço-corpo e percebemos o invisível.
Então apenas nos colocamos no espaço-corpo e percebemos o invisível.
E
percebemos o quanto não estamos mais invisíveis.
Muitas
palavras-corpo foram acumulando no espelho:
corpo-medo
corpo-entrega
corpo-impulso
corpo-descoberta
corpo-ausência
corpo-esforço
E
no reflexo dessas palavras sinto que:" Não
posso tirar a mascara, se tirar, não serei mais vista, ficarei
invisível"
Só
que as vezes olhar para o invisível é necessário.
Percebe-lo do seu lado feito sua sombra. E isso pode ser que só
descobriremos
depois de grande, que o tamanho das coisas há de ser medido pela
intimidade que temos das coisas.
O tamanho do invisível, seu Manoel de Barros conhecia.
O tamanho do invisível, seu Manoel de Barros conhecia.
E
o invisível foi-se desabotoando, dos pés, do peito, das mãos, dos
olhos, dos narizes, das bocas.
Através do nariz vermelho o espelho reflete agora a nossa imagem desabotoada.
Através do nariz vermelho o espelho reflete agora a nossa imagem desabotoada.
De fato, antes de se tornar um personagem,
o palhaço é uma visão de mundo.
Ele se organiza numa lógica particular que
olha, pensa e realiza a realidade
num sentido que lhe é autêntico,
único e original.
Não se pode separar o palhaço da pessoa,
o criador, pois se trata dele mesmo,
apenas revelado numa espécie
de segunda versão da própria existência.
(Achcar, 2007: 106).

Os pequenos narizes vermelhos,
dando ao nariz uma forma redonda,
banham os olhos de ingenuidade e aumenta o rosto,
desarmando-o de qualquer defesa.
Ele não causa medo, o que faz com que seja amado.
(In "Le Théâtre du geste", org. de Jacques Lecoq, Ed. Bordas, Paris, 1987, pág. 117. )
Relato de quando o mundo de fora se encontrou com o mundo de dentro
por Vanessa Sullivan
"Lembro
de estar tremendo, parada e encostada na parede enquanto todos
caminhavam.
Tive
medo de compartilhar os meus temores, o que eles iriam pensar de
mim?
Não
sou como os heróis do cinema. Eu tive medo de caminhar, de sair do
lugar.
As
portas se abriram, caminhei de cabeça baixa para disfarçar o
nervoso.
Eu
não sei o que estava acontecendo para eu estar assim, tinha um casal
de grilos cantando e dançando no meu estomago.
Porque
essa gente me olha tanto?
Que
Palhaçada é essa?
E
essas roupas? Cade o bom senso? Cade o bom gosto?
Será
que perderam a noção do ridículo?
Mas
quem sou eu para julga-los, estou igualzinha a eles.
Acho
que não gosto do bom senso.
Pra
que tanto rótulo?
Pra
que se prender tanto?
Eh!
Acho que sou uma palhaça!
Porque
a vergonha ficou do outro lado da rua..."
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