O que é O que é Quanto mais se tira, maior fica?
Programa Vocacional Dança 2014
Ensaio de Pesquisa-Ação
Artista-Orientadora: Larissa
Verbisck
CEU Parque Bristol
O que é
O que é
Quanto mais se tira, maior fica?
Ser
artista-orientador no Programa Vocacional é estar a todo o momento no exercício
de uma ação: o cavar. Cavar como metáfora de uma constante busca que nunca
cessa. Ação que gera um buraco, buraco este que quanto mais “tiramos” terra,
maior ele fica.
Escavadores
são pesquisadores, investigadores, seu trabalho não tem fim, e o seu movimento
é sempre para baixo, na direção do que é profundo. Nesta analogia, o buraco é o
próprio processo criativo, pois podemos cavar e cavar e não vemos o fundo, já
que o sentido da experiência está no buscar e não no dar por encerrado.
No
início de um buraco, tudo está claro, há muita luz. Começar pode ser difícil,
talvez a primeira pá de terra não seja tão tranquila de tirar. Mas quando
conseguimos e seguimos cavando, a ação pode ficar cada vez mais instigante, vai
ficando cada vez mais escuro, sem a luz nossos olhos talvez não enxerguem tão
bem quanto antes e será necessário fazer uso dos outros sentidos. Neste cavar
podemos nunca encontrar o fundo, mas nesse caminho há muitas
descobertas...preciosidades e coisas sem importância. Pedras. Fósseis. Raízes.
Essa
ação que nunca chega ao fim é provocadora, interessante e também um tanto
cansativa. Quando por algum tempo nos permitimos uma pausa, como ela é
importante, pois assim nos damos conta do trabalho que está sendo feito. É
possível observar as dimensões do buraco, enxergar a luz lá em cima, medir a
distância que foi percorrida, e provavelmente diante dessa percepção sentir um
imenso vazio.
Será que alguém pode me tirar daqui?
A escavação
nunca acaba, e às vezes enquanto um cava, cava e cava, outros estão a jogar terra...
No movimento contrário. Soterrando. Há muitos jogadores de terra pelo mundo. O
Vocacional é uma guerrilha, uma guerrilha poética nos espaços que ocupa.
Além
dos jogadores de terra, há um tipo de escavador que faz uso de dinamite para
abrir seus buracos. Não encontram as pedras, os fósseis, as raízes. Não é isso
que os interessa.
A
metáfora do buraco pode ter mais de um sentido. Se por um lado pode ser análoga
ao processo criativo e a sua riqueza e profundidade, por outro, pode ser algo
muito angustiante.
Em alguns aspectos no Programa
Vocacional, não os de natureza criativa, mas aqueles de ordem estrutural, não
vamos nunca encontrar uma resposta, não vamos conseguir saber onde é o fundo? A
angústia nasce de uma sensação de que algo precisa ser resolvido e não tem
mesmo uma solução.
O Vocacional é para mim um buraco, e
quanto mais eu reflito sobre o Programa e dificuldades que enfrentamos mais ele
parece um buraco.
E a conclusão que chego, cada vez que penso sobre
isso, é que o buraco é sempre mais embaixo.
Marcadores: Cavar, CEU Parque Bristol, Equipe Sul 1, Larissa Verbisck
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