quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O que é O que é Quanto mais se tira, maior fica?


Programa Vocacional Dança 2014
Ensaio de Pesquisa-Ação
Artista-Orientadora: Larissa Verbisck
CEU Parque Bristol

O que é
O que é
 Quanto mais se tira, maior fica?

            Ser artista-orientador no Programa Vocacional é estar a todo o momento no exercício de uma ação: o cavar. Cavar como metáfora de uma constante busca que nunca cessa. Ação que gera um buraco, buraco este que quanto mais “tiramos” terra, maior ele fica.
            Escavadores são pesquisadores, investigadores, seu trabalho não tem fim, e o seu movimento é sempre para baixo, na direção do que é profundo. Nesta analogia, o buraco é o próprio processo criativo, pois podemos cavar e cavar e não vemos o fundo, já que o sentido da experiência está no buscar e não no dar por encerrado.
            No início de um buraco, tudo está claro, há muita luz. Começar pode ser difícil, talvez a primeira pá de terra não seja tão tranquila de tirar. Mas quando conseguimos e seguimos cavando, a ação pode ficar cada vez mais instigante, vai ficando cada vez mais escuro, sem a luz nossos olhos talvez não enxerguem tão bem quanto antes e será necessário fazer uso dos outros sentidos. Neste cavar podemos nunca encontrar o fundo, mas nesse caminho há muitas descobertas...preciosidades e coisas sem importância. Pedras. Fósseis. Raízes.
            Essa ação que nunca chega ao fim é provocadora, interessante e também um tanto cansativa. Quando por algum tempo nos permitimos uma pausa, como ela é importante, pois assim nos damos conta do trabalho que está sendo feito. É possível observar as dimensões do buraco, enxergar a luz lá em cima, medir a distância que foi percorrida, e provavelmente diante dessa percepção sentir um imenso vazio.
 Será que alguém pode me tirar daqui?
            A escavação nunca acaba, e às vezes enquanto um cava, cava e cava, outros estão a jogar terra... No movimento contrário. Soterrando. Há muitos jogadores de terra pelo mundo. O Vocacional é uma guerrilha, uma guerrilha poética nos espaços que ocupa.
            Além dos jogadores de terra, há um tipo de escavador que faz uso de dinamite para abrir seus buracos. Não encontram as pedras, os fósseis, as raízes. Não é isso que os interessa.
            A metáfora do buraco pode ter mais de um sentido. Se por um lado pode ser análoga ao processo criativo e a sua riqueza e profundidade, por outro, pode ser algo muito angustiante.
Em alguns aspectos no Programa Vocacional, não os de natureza criativa, mas aqueles de ordem estrutural, não vamos nunca encontrar uma resposta, não vamos conseguir saber onde é o fundo? A angústia nasce de uma sensação de que algo precisa ser resolvido e não tem mesmo uma solução.
O Vocacional é para mim um buraco, e quanto mais eu reflito sobre o Programa e dificuldades que enfrentamos mais ele parece um buraco.
 E a conclusão que chego, cada vez que penso sobre isso, é que o buraco é sempre mais embaixo.


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