Quais as vozes do Vocacional? - Leonardo Mussi
Minha experiência neste ano no CFC Cidade
Tiradentes, me leva a acreditar que, independentemente da função exercida
dentro do Programa Vocacional, todos somos vocacionados.
Todos nós, os
envolvidos de alguma forma neste programa para que ele aconteça. Aqueles que se
interessam e se inscrevem, denominados oficialmente de artistas vocacionados,
os artistas orientadores, os coordenadores, assim como, todos os funcionários e
servidores públicos que participam neste processo.
Partindo
desta premissa, acredito que a ação do programa na cidade pode ser bem mais
efetiva e em muito potencializada se organizada estruturalmente nesse sentido.
Que diferença
faz o projeto no lugar que o acolhe? Que diferença faz este equipamento público
em seu entorno? Para um funcionário da administração, da segurança ou da
limpeza, que diferença faz trabalhar num CEU, num Centro Cultural e não em
outro lugar qualquer?
Muitos
apontamentos levantados em reuniões com os representantes destes espaços
públicos contribuem para esta reflexão.
Os
equipamentos públicos demoraram pra chegar e, devido às suas necessidades, a
população se organizou de outra maneira. E agora?
Mesmo o
equipamento agora existindo, às vezes parece que não existe, pois não pode ser “utilizado”.
Foi tanto tempo sem ter, que agora tendo, o comportamento é como se não
tivesse, pois se gastar pode ser que não seja reposto, se quebrar pode ser que
não seja arrumado e, assim por diante...
Estratégias
de apropriação do espaço por todos se fazem necessárias, assim como, ampliar a
consciência das potencialidades dos espaços, das pessoas que estão nestes
espaços e das ações que acontecem nestes espaços.
Quais são as
especificidades de cada localidade? Como cada localidade pode colaborar com
suas experiências com outras localidades? O que é específico de cada lugar e o
que é comum a todos de todos os lugares?
Penso que o
Programa Vocacional pode em muito colaborar para todo este processo, uma vez
que está presente em toda a cidade, tendo como programa/projeto público, a
possibilidade de atuar nos diversos lugares que o acolhe, assim como também de
mapear toda a cidade. De colaborar para o micro e para o macro, para o
específico e o todo, como uma estrutura que alicerça e possibilita uma ação
contínua e conjunta aos equipamentos, uma parceria na qual de fato todos nós
sejamos vocacionados, independentemente das funções “burocráticas” exercidas.
Uma estrutura
geradora de encontros, de relações, de diálogo entre todos, contratados para o
projeto especificamente, funcionários e servidores do equipamento e a
população, estabelecendo estes fóruns, potencializando o que estes espaços
culturais podem gerar de benefícios a todos os envolvidos. Fazendo diferença
para quem os frequenta e para quem neles trabalha.
Talvez mais
do que uma resposta ou uma pretensão de se resolver algo, seja interessante uma
estrutura fluída que ampare e ao mesmo tempo proporcione as descobertas e as
transformações necessárias para que o espaço e as pessoas se desenvolvam.
Existe uma proposta
de que em alguns lugares, entre eles o CFC da Cidade Tiradentes, haja uma
mudança na organização. Por se tratarem de lugares nos quais existem todas as
linguagens oferecidas pelo programa, as equipes poderiam se organizar por
artistas que atuam no equipamento e não por linguagem artística.
Num espaço
cultural que oferece todas as linguagens do programa e mais uma infinidade de
atividades, cursos e oficinas, qual a viabilidade/necessidade de se ter dois
encontros de cada linguagem artística por semana?
Juntando lé
com crê, refletindo sobre mudanças, aberturas, talvez fosse interessante se ter
como é atualmente, um encontro semanal entre artistas orientadores e artistas
vocacionados no desenvolvimento de seus processos criativos e um
encontro/reunião pedagógica por linguagem artística entre artistas orientadores
e coordenadores; e, pensando noutras possibilidades, um encontro semanal no
equipamento entre todos os artistas orientadores que atuam em tal equipamento,
aberto a participação de artistas vocacionados, funcionários, aos moradores da
região, a quem quiser chegar, aberto a experimentação, a diferentes formatos de
acordo com as necessidades e especificidades de cada lugar em que isso
aconteça.
Um espaço-tempo
para fazer reuniões, para desenvolver processos criativos, para acontecer o que
tiver que acontecer... potencializando cada um que participe e o coletivo como
um todo.
Um
espaço-tempo no qual todos nós vocacionados tenhamos voz, independentemente da
função exercida em outras instâncias.
Leonardo Mussi.
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