segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Quais as vozes do Vocacional? - Leonardo Mussi



  Minha experiência neste ano no CFC Cidade Tiradentes, me leva a acreditar que, independentemente da função exercida dentro do Programa Vocacional, todos somos vocacionados.

   Todos nós, os envolvidos de alguma forma neste programa para que ele aconteça. Aqueles que se interessam e se inscrevem, denominados oficialmente de artistas vocacionados, os artistas orientadores, os coordenadores, assim como, todos os funcionários e servidores públicos que participam neste processo.

   Partindo desta premissa, acredito que a ação do programa na cidade pode ser bem mais efetiva e em muito potencializada se organizada estruturalmente nesse sentido.

   Que diferença faz o projeto no lugar que o acolhe? Que diferença faz este equipamento público em seu entorno? Para um funcionário da administração, da segurança ou da limpeza, que diferença faz trabalhar num CEU, num Centro Cultural e não em outro lugar qualquer?
Muitos apontamentos levantados em reuniões com os representantes destes espaços públicos contribuem para esta reflexão. 

   Os equipamentos públicos demoraram pra chegar e, devido às suas necessidades, a população se organizou de outra maneira. E agora?

   Mesmo o equipamento agora existindo, às vezes parece que não existe, pois não pode ser “utilizado”. Foi tanto tempo sem ter, que agora tendo, o comportamento é como se não tivesse, pois se gastar pode ser que não seja reposto, se quebrar pode ser que não seja arrumado e, assim por diante...

   Estratégias de apropriação do espaço por todos se fazem necessárias, assim como, ampliar a consciência das potencialidades dos espaços, das pessoas que estão nestes espaços e das ações que acontecem nestes espaços.

   Quais são as especificidades de cada localidade? Como cada localidade pode colaborar com suas experiências com outras localidades? O que é específico de cada lugar e o que é comum a todos de todos os lugares?

   Penso que o Programa Vocacional pode em muito colaborar para todo este processo, uma vez que está presente em toda a cidade, tendo como programa/projeto público, a possibilidade de atuar nos diversos lugares que o acolhe, assim como também de mapear toda a cidade. De colaborar para o micro e para o macro, para o específico e o todo, como uma estrutura que alicerça e possibilita uma ação contínua e conjunta aos equipamentos, uma parceria na qual de fato todos nós sejamos vocacionados, independentemente das funções “burocráticas” exercidas.

   Uma estrutura geradora de encontros, de relações, de diálogo entre todos, contratados para o projeto especificamente, funcionários e servidores do equipamento e a população, estabelecendo estes fóruns, potencializando o que estes espaços culturais podem gerar de benefícios a todos os envolvidos. Fazendo diferença para quem os frequenta e para quem neles trabalha.

   Talvez mais do que uma resposta ou uma pretensão de se resolver algo, seja interessante uma estrutura fluída que ampare e ao mesmo tempo proporcione as descobertas e as transformações necessárias para que o espaço e as pessoas se desenvolvam.

   Existe uma proposta de que em alguns lugares, entre eles o CFC da Cidade Tiradentes, haja uma mudança na organização. Por se tratarem de lugares nos quais existem todas as linguagens oferecidas pelo programa, as equipes poderiam se organizar por artistas que atuam no equipamento e não por linguagem artística.

   Num espaço cultural que oferece todas as linguagens do programa e mais uma infinidade de atividades, cursos e oficinas, qual a viabilidade/necessidade de se ter dois encontros de cada linguagem artística por semana?

   Juntando lé com crê, refletindo sobre mudanças, aberturas, talvez fosse interessante se ter como é atualmente, um encontro semanal entre artistas orientadores e artistas vocacionados no desenvolvimento de seus processos criativos e um encontro/reunião pedagógica por linguagem artística entre artistas orientadores e coordenadores; e, pensando noutras possibilidades, um encontro semanal no equipamento entre todos os artistas orientadores que atuam em tal equipamento, aberto a participação de artistas vocacionados, funcionários, aos moradores da região, a quem quiser chegar, aberto a experimentação, a diferentes formatos de acordo com as necessidades e especificidades de cada lugar em que isso aconteça. 

   Um espaço-tempo para fazer reuniões, para desenvolver processos criativos, para acontecer o que tiver que acontecer... potencializando cada um que participe e o coletivo como um todo.

   Um espaço-tempo no qual todos nós vocacionados tenhamos voz, independentemente da função exercida em outras instâncias.

                                                             Leonardo Mussi.

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